Se tivermos empresas competitivas, teremos um país competitivo”, afirma Antonio Tadeu Pagliuso

Confira o balanço feito pelo superintendente e sua avaliação sobre os grandes desafios da FNQ e do Brasil para o próximo ano.

Um ano de consolidação das mudanças iniciadas em 2005, quando a instituição passou a ser a Fundação Nacional da Qualidade, ampliando os horizontes de sua atuação. Assim o superintendente-geral da instituição, Antônio Tadeu Pagliuso, avalia a atuação da FNQ em 2006. 


Entre as maiores realizações da entidade, o dirigente cita o convênio com a Petrobras, que permitirá que todas as organizações brasileiras tenham acesso a uma ferramenta de diagnóstico e avaliação, e a elaboração do documento “Conceitos Fundamentais da Excelência em Gestão”, reflexão sobre as tendências contemporâneas no mundo corporativo. 


Leia, a seguir, o balanço feito pelo superintendente e sua avaliação sobre os grandes desafios da FNQ e do Brasil para o próximo ano. 

Como a FNQ tem buscado a inovação em sua atuação? Quais as mudanças centrais realizadas em 2006? 

A FNQ sempre inovou a partir de um eixo central que era o Prêmio Nacional da Qualidade ®. Os processos de avaliação e atualização do Modelo de Excelência da Gestão ® passaram por inovações, principalmente de 1999 para cá. Isso nos coloca como uma referência mundial, quando comparados com outros 75 prêmios ou movimentos da qualidade e da gestão.
O ano de 2006 foi aquele em que a FNQ consolidou seu processo de reestruturação, iniciado em junho de 2005, quando deixamos de ser Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade ® e passamos a ser Fundação Nacional da Qualidade. Passamos a casa a limpo, numa transição entre o que era a instituição e o que vai ser até 2010, 2012. Revimos processos, a definição de objetivos estratégicos, indicadores, o desenho da FNQ e da infra-estrutura – com o lançamento do Portal e da rede interna.
Trouxemos inovações para além do PNQ e da atualização dos critérios. Fizemos o 4o Fórum Empresarial realizado com novo caráter, envolvendo novos parceiros para refletir quais são os paradigmas da gestão no século 21. Lançamos um documento inédito que traz o posicionamento conceitual e a reflexão estratégica que fizemos sobre a excelência em gestão, chamado “Conceitos Fundamentais da Excelência em Gestão”.

E as parcerias?

Fechamos um convênio com a Petrobras para desenvolver materiais didáticos para utilização do modelo de gestão por organizações públicas e privadas de todos os portes e criar um software de diagnóstico, auto-avaliação e avaliação da gestão, que deve ser disponibilizado à rede de 52 programas e prêmios que temos parceria pelo Brasil e a todas as organizações gratuitamente. Em novembro, uma versão Beta do software de diagnóstico organizacional já foi disponibilizada no Portal do FNQ. Também como resultado desse convênio, lançamos os Cadernos de Excelência que são dez publicações inéditas com exemplos de como as organizações estão fazendo para implementar seus modelos de gestão.

Quantas empresas hoje usam o Modelo de Excelência da Gestão® da FNQ?

Calculamos que aproximadamente 5 mil organizações no Brasil – públicas, privadas, de diversos portes – utilizam o Modelo de Excelência da Gestão ®, ou seja, além de implementar os 11 fundamentos, usam o critério para avaliar sua performance, participando de prêmios ou se auto-avaliando. 
Além delas, outras quase 50 mil utilizam o modelo, mas não de forma estruturada. Aplicam os fundamentos da excelência, usam os critérios, mas não têm um processo estruturado completo para avaliar a gestão e traçar planos de melhoria. Isso mostra o nosso desafio: há cerca de 5 milhões de organizações no País. Se 55 mil utilizam o modelo, atingimos 1% delas. Por meio da rede, dos produtos e convênios que a FNQ tem realizado, de parceiros estratégicos como Sesi, Senai e Sebrae, de grande capilaridade, temos de levar o modelo e seus benefícios para essas organizações.

Quais os grandes desafios da FNQ para 2007?

Aumentar o número de organizações que participam dos movimentos de qualidade no Brasil, via movimentos regionais, de modo a ter presença nos 27 Estados da federação, ampliar o processo de disseminação do conhecimento prático da excelência em gestão por meio da realização de encontros como os 45 que promovemos em 2006, estruturar e lançar o primeiro Centro de Excelência em um tema importante para o meio empresarial.

E na esfera pública?

A noção de meio empresarial também se aplica às organizações públicas, que devem ser permeadas pelo conceito da gestão. Guardadas as proporções, governadores, prefeitos e presidente também são executivos e tem de atender metas, plano estratégico, performance, resultados, além de serem líderes mobilizadores.
Com outros parceiros, como o Fórum dos Programas Estaduais de Qualidade, Produtividade e Competitividade e o Movimento Brasil Competitivo, vamos levar essa idéia para os governos. O presidente Lula disse que uma das bandeiras dos próximos quatro anos é a gestão. A FNQ tem como apoiar isso, fazendo uma parceria efetiva com o governo – como a que completa dez anos em 2007, o Prêmio Qualidade do Governo Federal, fruto de iniciativa conjunta nos anos 90. Várias organizações da administração já participam desse prêmio.

Como a performance do Brasil se compara à de outros países?

Estudos mundiais colocam o Brasil em posição ruim em relação aos índices de produtividade, desenvolvimento humano, índices dos países emergentes etc. Quando abrimos esses índices, vemos que aqueles que focam a gestão no meio empresarial, a inovação, são aqueles em que o País tem performance melhor, inclusive em relação aos países do BRIC. Mas quando vemos questões estruturais ou econômicas, isso acaba derrubando a posição do Brasil.

O que fazer para reverter esse quadro?

Por que uma multinacional vem instalar uma indústria aqui e escolhe o Estado A e não o Estado B? A noção de competitividade passa por Estados. É preciso que haja um plano estratégico com grandes objetivos de Estado não para quatro anos, para um governo, mas para o que queremos ser daqui a 20 anos. E esses objetivos devem se tornar políticas públicas com continuidade, independentemente da mudança de governo. Esse é grande sucesso do Chile, por exemplo. E tudo isso tem a ver com gestão: estabelecer planos estratégicos, mensurar o que se está fazendo, com indicadores de performance, estabelecer e monitorar planos de melhorias e apresentar os resultados de maneira efetiva. 
Há experiências interessantes, como em Minas Gerais, onde se estabeleceu um “choque de gestão” e em dois anos o déficit público foi transformado em superávit público e a competitividade do Estado cresceu; Porto Alegre, que desde a última eleição implementou o modelo de gestão. Mais isso teria um efeito maior, multiplicador, se viesse do Governo Federal, do topo, para os Estados.

É possível falarmos numa performance média das organizações brasileiras?

O Brasil tem melhorado muito. Se pegarmos o índice do World Economic Forum que fala de sofisticação empresarial, percebemos que o Brasil melhorou. Esse é o sinalizador de que a competitividade das organizações brasileiras tem crescido. Mas não diria que isso é a média. Temos grandes exemplos, como Gerdau, Natura, Promon, empresas antenadas em como e para onde caminha o mundo e de que maneira sustentável elas podem colaborar com isso. 

O grande desafio – e aí o Sebrae é nosso grande parceiro – é melhorar a performance das micro e pequenas empresas, que são 95% das organizações brasileiras. E temos casos fantásticos de aplicação do modelo em padarias, com alto índice de performance, melhorando o número de clientes que atende e a satisfação desses em relação a seus produtos e serviços. Também poderia destacar o Escritório de Engenharia Joal Teitelbaum, que em 2003 ganhou o PNQ, uma empresa de 25 pessoas com índices fantásticos na construção civil, como o de desperdício no canteiro de obras, inferior a 1%. 

A performance das grandes organizações brasileiras tem melhorado em função de eles enxergarem seus negócios de forma sistêmica, ou seja, ‘o meu negócio não é só ter produtos de qualidade, mas sim ter pessoas satisfeitas, comprometidas, uma sociedade com maior crescimento, melhor distribuição, com olhos para o meio ambiente’. Precisamos entranhar esses conceitos nas micro, pequenas e médias empresas, pois aí teremos redução de mortalidade nesses setores. Se tivermos empresas competitivas, teremos um País competitivo.

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