Entrevista com Joal Teitelbaum, presidente do Escritório de Engenharia Joal Teitelbaum

Mobilizar colaboradores e fornecedores é um dos segredo da excelência da Joal Teitelbaum, afirma seu presidente.

Há 45 anos na presidência do Escritório de Engenharia Joal Teitelbaum, o executivo que dá nome à organização é um dos pioneiros na busca pela excelência no Brasil. Única construtora reconhecida com o PNQ - Prêmio Nacional da Qualidade no país, a empresa é a expressão completa da filosofia de Teitelbaum, um engenheiro capaz de prever, lá nos idos da década de 60, muito antes da palavra sustentabilidade entrar para o vocabulário gerencial, que “a imperfeição e a agressão ambiental custam caro, mas que a qualidade e o respeito à ecologia são de graça e produzem lucros por meio da qualificação e da competitividade”. 

Se há quatro décadas a organização prima pela excelência em quesitos sócio-ambientais, é natural que os outros aspectos da administração sejam da mesma forma contemplados. É o que podemos conferir na entrevista exclusiva que o engenheiro concedeu à FNQ Em Revista. 

Qual o fator-chave para uma empresa como a Joal Teitelbaum criar uma cultura de boas práticas de trabalho?
A cultura de boas práticas está inserida em um ótimo ambiente de trabalho. Nós dizemos que não podemos motivar um colaborador, e sim garantir que ele esteja inserido em um ambiente que lhe traga motivação. Assim, preparando líderes para a mudança e implementando a cultura da excelência, inclusive em nossos parceiros estratégicos, conseguimos transformar idéias e sonhos em realizações concretas. Nossas reuniões estruturadas, componentes do ciclo de aprendizado, baseado no Modelo de Excelência em Gestão da FNQ, também sustentam a cultura de boas práticas. 

Na cerimônia de anúncio dos vencedores do PNQ 2006, o superintendente-geral da FNQ, Antonio Tadeu Pagliuso, ao falar sobre a presença de pequenas e médias empresas no Prêmio, citou a Joal Teitelbaum como uma organização de médio porte que mantém um relacionamento especial com seus fornecedores, estendendo assim o seu próprio tamanho. Como funciona esse relacionamento e quais são as principais práticas desenvolvidas em relação a esse critério?
Desde a década de 60 adotamos práticas de gestão pela qualidade, mas foi em 1991 que implantamos um Programa de Gestão da Qualidade e Produtividade, que foi consagrado com a adesão ao Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP), em 1996. Desde então, buscamos a excelência em tudo o que fazemos e temos o nosso planejamento estratégico calcado nos critérios de avaliação do PGQP e da FNQ. A grande chave é envolver as pessoas. Nesse sentido, buscamos fazer com que os nossos parceiros estratégicos participassem do PGQP. Esta mobilização nos permite sistematizar os fundamentos de gestão dos processos de qualidade, produtividade, competitividade, preservação ambiental, de responsabilidade social e ética. Desde o início do processo, tivemos conquistas inéditas nas áreas da qualidade, produtividade, gestão ambiental, de pessoas, de insumos e responsabilidade social. A empresa possui um sistema de gerenciamento da qualidade e ambiental integrados, em todos os processos e instruções de serviço. Independente do sistema de gestão pela qualidade implantado, é preciso que haja fundamentos e critérios estabelecidos. 

Após a conquista do PNQ 2003, a Joal Teitelbaum tornou-se um modelo nacional de excelência em gestão, sendo convidada a relatar seu caso em dezenas de eventos ligados à qualidade no Brasil e no exterior. Em 2006, a empresa criou uma nova unidade de negócios, a de Consultoria de Sistemas de Gestão. Como esses fatos estão relacionados e qual o balanço que o senhor faz da nova área de atuação da organização?
O Escritório de Engenharia Joal Teitelbaum tornou-se modelo nacional de excelência em gestão para a área da construção civil. Esta posição – comprovada pelos diversos convites para apresentarmos o nosso case de sucesso, somando mais de 70 eventos nacionais e internacionais nos últimos três anos – deve-se a conquista do PNQ e ao pioneirismo da empresa em diversas áreas e que também já renderam inúmeros reconhecimentos. Desde 2005, a empresa também atua na área de consultoria em sistemas de gestão. Desta forma, a Joal Teitelbaum passa a compartilhar todo o capital intelectual adquirido no processo de conquista da excelência com as organizações que buscam o desempenho Classe Mundial. A atuação iniciou tendo como clientes a Petrobrás, a Associação do Ministério Público e industrias do setor de medicamentos. Hoje, possui quatro contratos em andamento na Unidade de Negócios da Bacia de Campos da Petrobrás, nas áreas de Modelagem de Processos de Construção e Montagem, Avaliação e Melhoria das Práticas de Gestão, Avaliação da Qualidade da Gestão e Modelagem do Programa de Atitude Segura do Ativo de Produção de Marlim, na área de Saúde, Meio Ambiente e Segurança. De 2005 para 2006, o crescimento foi superior a 400%. 

Segundo o senhor afirma em artigo publicado na imprensa, o construtor e seus parceiros não podem ser acusados de responsáveis pelo altos índices de desperdício atribuídos ao setor de construção civil brasileiro. Porém, a Joal Teitelbaum continua sendo a única empresa deste segmento com o status de Classe Mundial. Como o senhor analisa o setor de construção civil do País e quais os pontos fracos que impedem outras organizações a alcançar tal status?
Para um setor que responde, no conjunto de sua cadeia produtiva, por cerca de 20% do PIB, pode-se afirmar que seu potencial não está sendo utilizado como poderia e deveria ser. Em qualquer um de seus componentes operacionais básicos, infra-estrutura, habitação, desenvolvimento urbano e montagem industrial a capacidade produtiva está operando aquém de suas potencialidades. Para as organizações que buscam aprimorar cada vez mais seus índices, o primeiro passo é definir o rumo e ter a qualidade como meio de transporte. Adotamos como paradigmas a “não-conformidade”, ou seja, não aceitar processos de gestão de pessoas ou insumos que não tenham a aprovação das normas técnicas; combater incansavelmente o desperdício; medir os resultados e estabelecer de forma fidedigna o Balanced Scorecard, além de termos uma ação participativa com responsabilidade social e ética, tecnológica e humana, inspirando e também comprovando a fidúcia de nossas ações. 

O mercado em que atua a Joal Teitelbaum é mais exigente quanto à inovação que outros mercados?
A inovação é importante em todos os mercados. Quem não inovar, não sobreviverá. Assim, aqui na Joal Teitelbaum, criamos a figura da pirâmide da mudança, composta por três vetores: Criar – Inovar – Mudar. E é assim que tratamos a inovação, em âmbito de processos e produtos, sempre buscando maximizar a satisfação do cliente surpreendendo-o através de novos serviços, com elevado valor agregado, e no modelo de negócios, exemplificado pela criação da unidade de negócios de consultoria e pela diversificação no setor da construção civil, onde passamos também a ser contratados para gerenciar processos de contratação e construção de obras civis e de construção e montagem para indústrias que estão implementando novas unidades fabris, de modo a agregar nosso expertise aos processos construtivos, certamente resultante da excelência de processos praticados na gestão de nossos empreendimentos no ramo imobiliário e de obras privadas. 

Em 2006, a FNQ fez uma revisão de seus Fundamentos, trabalho que resultou na obra “Conceitos Fundamentais da Excelência em Gestão”. Um dos destaques da revisão foi colocar como prioridade das empresas conceitos ligados à sustentabilidade, muitos dos quais são aplicados no dia-a-dia da Joal Teitelbaum há muitos anos. Quando e como o senhor despertou para a necessidade de atuar de forma sustentável para todas as partes interessadas da organização?
Desde o início de nossa atuação no mercado, primamos pela qualidade e buscamos excelência. Nos canteiros de obras, sempre prevaleceram os princípios de cuidado total com a segurança e com o ambiente de trabalho, além do respeito ambiental, através de constantes pesquisas, adequações e treinamentos. Fomos pioneiros na implantação de projetos na área ambiental, com a instituição da Técnica do Processo Conserve (Construção a Serviço da Ecologia), em 1995. O programa de gestão ambiental da empresa busca compatibilizar seus empreendimentos com o ambiente em que são construídos, desde a fase de projeto, a partir de rigorosos mecanismos de controle na fase de construção, gerando um produto final harmônico com o seu meio. A técnica proporciona a melhor forma de utilização dos insumos nas edificações, bem como a reciclagem de resíduos e, com isto, uma maior redução de eventuais desperdícios. O pioneirismo gerou resultados expressivos na área e a empresa vem obtendo inúmeras conquistas no setor. O Conserve fundamenta-se no princípio de que a imperfeição e a agressão ambiental custam caro, mas que a qualidade e o respeito à ecologia são de graça e produzem lucros por meio da qualificação e da competitividade. A partir de 1998, após uma parceria com o Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL), a empresa criou e implantou os Ecotimes - Times de Ecologia nos canteiros de obra. Desde então, estes têm a missão de buscar novas Técnicas de Produção Mais Limpas e Tecnologias Limpas a serem incorporadas aos empreendimentos em construção da Joal Teitelbaum.

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