Escola Kennedy dá aula de cidadania

Conheça a trajetória de excelência que começou com três jovens irmãs, numa garagem no interior da Bahia.

 

‘Educação com amor e bom-humor’ foi a forma encontrada pelas irmãs Gilsan, Gilsara e Gilsade para contribuir com a pequena Eunápolis, cidade do interior da Bahia, que convive com problemas seríssimos de infraestrutura e luta diariamente pelo uso responsável do solo e dos escassos recursos hídricos da região.

 

Sem os atrativos turísticos do litoral sul do Estado, a economia da cidade gira, basicamente, em torno do extrativismo e da criação de gado, insuficiente para os seus 100 mil habitantes, o que faz com que 52% vivam em situação de pobreza*. Mas as dificuldades nunca esmoreceram o sonho das irmãs, ao contrário, serviram de incentivo para que, desde cedo, começassem a batalhar pela educação e conscientização dos seus conterrâneos.  

 

Tudo teve início na garagem dos pais, onde as três começaram a dar aulas de reforço para a garotada do bairro. A mãe, mesmo sem ter estudado, também ajudava no que podia e, com o tempo, o pai, comerciante e fã do presidente norte-americano John Kennedy, enxergou ali uma oportunidade. Foi assim que surgiram as primeiras salas de aula do sítio Kennedy, que hoje abriga 400 alunos, atendendo praticamente a todos os bairros da cidade.

 

A escola parte de uma proposta pedagógica moderna, a sociointeracionista, que faz com que a criança aprenda inserida no contexto social, com ajuda dos colegas, professores, pais e comunidade. A escola Kennedy envolve os alunos em projetos em defesa do Meio Ambiente, incentiva o questionamento sobre problemas sociais e estimula os jovens a exercerem sua cidadania, inclusive escrevendo cartas para cobrar providências do prefeito e dos vereadores. Aliás, isto fez com que a escola recebesse o Selo Escola Solidária, concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e pelo Ministério da Educação (MEC) a instituições de ensino que promovem o voluntariado.

 

As irmãs fazem questão de manter o tratamento característico de escolas pequenas, conhecendo bem todos os alunos e os tratando pelo nome. Os alunos com necessidades especiais são integrados às turmas regulares, e todos participam de atividades como aulas de futebol, balé, caratê, natação e capoeira. Além disso, são oferecidas refeições saudáveis de segunda a quinta, deixando apenas as sextas livres para refrigerantes e outras guloseimas.

E toda essa atenção também se estende aos professores e funcionários, que são constantemente capacitados. As próprias irmãs deram o exemplo: Gilsan cursou Administração de Empresas com especialização em RH, pós-graduação em Docência para Ensino Superior e licenciatura em História; Gilsade tornou-se psicopedagoga e psicanalista clínica e Gilsara, pedagoga.

 

Mas a escola não chegaria ao nível de excelência que tem hoje se não fosse o investimento em gestão. Conscientes deste fato, elas passaram a realizar palestras e troca de experiências com executivos da região, que ofereciam um olhar mais empresarial sobre o estabelecimento. O resultado não tardou. Os esforços foram reconhecidos em 2002 e, desde então, recebem, ano após ano, o prêmio Gestão Empreendedora, concedido pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Eunápolis e pelo Serviço Brasileiro de Apoio a Micros e Pequenas Empresas (Sebrae).

 

Mas as empreendedoras entendem que o processo de excelência em gestão é uma busca contínua. Assim, adotaram como meta o Modelo de Excelência em Gestão da FNQ e progrediram ainda mais, sendo reconhecidas com o selo MPE Brasil - Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas, oferecido pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC), Sebrae, Gerdau e FNQ - Fundação Nacional da Qualidade.

 

Graças a ele, participaram de uma série de capacitações e da Missão Nacional, projeto dos parceiros que levou Gilsan e outros reconhecidos durante a etapa do MPE Brasil em 2009 a um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lá, tiveram seu trabalho enaltecido e puderam contar suas histórias, explicando suas reais necessidades.

 

A viagem de benchmarking e troca de experiências trouxe um novo fôlego e muita vontade de expandir os negócios. Com quase 100% de aprovação dos pais, a escola Kennedy vem crescendo num ritmo tão acelerado que, só para a turma de 5 anos, há uma fila de 30 crianças aguardando a abertura de uma vaga. Ao fim da Missão, em julho, Gilsan afirmou: “Nós só não temos mais alunos porque não há mais vagas mesmo”, e com uma incansável visão empreendedora, concluiu: “Precisamos melhorar”.

 

Em menos de um mês, a escola já havia iniciado as obras de seu projeto de expansão.

 

* segundo o IBGE

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