De hobby na infância a um negócio de 100 mil mudas em 2008

A organização foi uma das ganhadoras do prêmio Êxito Empresarial 2007, promovido pelo Sebrae em parceria com a FNQ, com o Movimento Brasil Competitivo e com a Agência de Desenvolvimento Econômico e Comércio Exterior.

O Viveiro Mata Virgem, uma micro empresa localizada no Distrito Federal, é um bom exemplo de que ousadia e sucesso podem caminhar juntos. O empreendimento é focado na produção de mudas de espécies nativas do Cerrado e de outros biomas brasileiros, como Mata Atlântica e Amazônia. Os irmãos Fábio e Silvio Venturoli, engenheiro florestal e agrônomo, respectivamente, comandam o viveiro, que já existe há dez anos, junto com o pai. 

Em 2007, o estabelecimento produziu cerca de 50 mil mudas, mais que o triplo do início do negócio, quando esse número ficava em torno de 15 mil. Para 2008, a meta dos irmãos é ambiciosa. “Queremos dobrar o número do ano passado. Vamos chegar em dezembro com 100 mil plantas”, almeja Fábio. 


De acordo com ele, o principal investimento para alcançar esse objetivo já foi feito. “Tivemos de investir em água e fazer um poço semi-artesiano. Principalmente na época de seca, não conseguimos aumentar a produção sem ele.” 

A coleta de sementes, a identificação de plantas e a utilização de sementeiras são outras atividades que serão reforçadas pelo empreendimento ao longo deste ano para se chegar à meta pretendida. 
Até hoje, já foram investidos cerca de R$ 100 mil na empresa, que ocupa uma área de 20 mil metros quadrados, além da sede administrativa, onde também há um pequeno viveiro de mil metros quadrados. Pensando em longo prazo, num espaço entre cinco e dez anos, a projeção dos irmãos é chegar a um milhão de mudas por mês.

Quando a diversão virou trabalho

Atualmente, o estabelecimento conta com uma carteira de aproximadamente cem clientes, entre organizações que utilizam recursos naturais, principalmente mineradoras; construtoras, que precisam fazer compensação ambiental; fazendeiros e chacareiros. Tudo começou com um passatempo, já que os irmãos mexiam com mudas no sítio do seu avô, durante a infância. “Nós crescemos produzindo e doando as mudas. O viveiro era um hobby. Depois que nos formamos, resolvemos montar a empresa para dar início à comercialização e, posteriormente, à prestação de serviços”, conta o engenheiro. 

De acordo com ele, um dos principais desafios da família é conciliar o bom funcionamento do negócio próprio com seus respectivos empregos. “Precisamos saber administrar o nosso tempo e organizar as atividades sem que nenhuma das partes saia prejudicada e que ambas sejam bem-sucedidas. Essa é a maior dificuldade na gestão do viveiro, pois ao mesmo tempo que desejamos investir e ampliar o negócio, ainda não temos condições de deixar as outras atividades profissionais.” 

Com apenas três funcionários, que fazem plantio, coleta de sementes, irrigação, adubação e combate a pragas e doenças, a empresa busca constantemente novos clientes para ampliar o quadro de colaboradores e o faturamento mensal. “Essa captação é feita por meio de indicação, anúncio em jornais e participação em feiras do setor”, diz Fábio. Entre as atividades executadas pelos irmãos está a elaboração e a execução de projetos florestais, como recuperação de áreas degradadas e de matas ciliares. “Fazemos ainda trabalhos de reflorestamento, visando a produção de madeira a partir de árvores nativas como ipê, peroba, jatobá, cedro, aroeira, mogno, entre outras, e de espécies exóticas como teca e eucalipto”, explica Fábio.

Os irmãos empreendedores investem muito na área de compensação ambiental, na qual costumam estar os maiores clientes em potencial, como mineradoras, construtoras e indústrias.  Esse trabalho consiste em tentar “devolver” ao ambiente pelo menos parte da natureza degradada. Isso pode ser feito por meio de plantio de árvores nativas, em proporções semelhantes ou maiores, nas proximidades de um local em que a mata foi retirada para a realização de uma obra ou para a extração de minérios. Ou ainda tentar reconstruir regiões que foram devastadas, seja para o uso de madeira ou recursos do subsolo. O maior trabalho realizado até hoje pelo viveiro foi justamente nessa área. “Uma empresa precisou cortar umas árvores para expandir sua área operacional e nós fizemos todo o projeto e execução da compensação”, conta Fábio. 

Gestão e reconhecimento

A organização foi uma das ganhadoras do prêmio Êxito Empresarial 2007, promovido pelo Sebrae em parceria com a FNQ, com o Movimento Brasil Competitivo e com a Agência de Desenvolvimento Econômico e Comércio Exterior. Fábio credita a conquista do prêmio à gestão da empresa. “O nosso planejamento, a estrutura e o fato de o negócio funcionar sempre respeitando as leis são alguns aspectos que vem nos levando à vitória”, afirma. O empreendedor ressalta que, além do reconhecimento externo, o principal resultado da premiação foi o auto-conhecimento. “Nos convidaram e achamos que seria interessante participar. Foi um incentivo para organizar a empresa e traçar estratégias. A partir do questionário, vimos quais rumos teríamos que tomar, percebemos onde estamos acertando e onde podemos melhorar”, declara o engenheiro. 

Segundo o empresário, entre os principais aspectos que contribuem para a prosperidade do empreendimento está a boa gestão. “Isso é fundamental na sistematização dos objetivos, principalmente na organização e no estabelecimento de metas”, afirma. “Nossa gestão foi desenvolvida a partir da vivência diária, das dificuldades e da experiência. A busca pela excelência é um de nossos objetivos, motivada, justamente, pela competição do mercado. Sabemos que é importante adotar um modelo Classe Mundial”, completa ele, que vê na dedicação da família um dos destaques dos bons resultados da empresa. “O fato de nós conseguirmos nos desdobrar para organizar, administrar e manter o viveiro, mesmo tendo atividades paralelas, é essencial e satisfatório.” 

Na visão de Fábio, entidades como o Sebrae e a FNQ são fundamentais no desenvolvimento de pequenas empresas. “Elas estimulam o crescimento das organizações, nos incentivam a prosperar e ajudam a traçar os rumos.” 

Consciência social e ambiental

Apesar de ser uma micro empresa, o viveiro tem uma grande preocupação com a questão da responsabilidade social. Os irmãos ministram voluntariamente cursos em escolas, abordando questões de educação ambiental. Além disso, também dão palestras para grupos de escoteiros e para a  comunidade em geral. “Essas atividades são muito esclarecedoras para quem participa. O nosso objetivo é o de conscientização e não comercial”, conta Fábio. 

A família busca, sempre que possível, adquirir matéria-prima e insumos de empresas que incorporam ao seu sistema de produção a responsabilidade socioambiental. Evita, inclusive, o uso de agroquímicos, restritos apenas a situações emergenciais. “Recolhemos separadamente e encaminhamos os resíduos sólidos para reciclagem ou aterro sanitário; não permitimos queimadas no interior da propriedade. Medidas de contenção de gastos com energia, água e combustível são constantemente recomendadas.” 

Parceria técnica com universidade

Como principal parceiro científico, a empresa conta com a ajuda do departamento de Engenharia Florestal, da Universidade de Brasília (UnB). “As mudas, principalmente de Cerrado, são difíceis de serem produzidas. Muitas espécies apresentam dormências físicas e/ou fisiológicas, ou seja, estão num estágio de desenvolvimento no qual o seu metabolismo encontra-se em níveis bastante reduzidos, além de serem poucas as informações disponíveis sobre os modos de propagação. Procuramos sempre manter contato com a UnB,  com a Universidade Federal de Goiás (UFG) e  com a Embrapa, a fim de aprimorar os conhecimentos e orientar melhor a nossa produção”, finaliza o engenheiro. 

Tatiana Assumpção

Patrocinadores dessa edição
Saiba como patrocinar Patrocinadores31
Loading
Comentários
Para escrever comentários, faça seu login ou conecte-se pelo Facebook ou Linkedin
Carregando... Loading
Carregando... Loading