Seleção Brasileira de Futebol e a Gestão Empresarial: tão perto, tão longe

Francisco Teixeira Neto, especialista em projetos da FNQ

Seleção Brasileira de Futebol e a Gestão Empresarial: tão perto, tão longe

Francisco Teixeira Neto, especialista em projetos da FNQ
 

Será que podemos comparar a seleção brasileira de futebol e a gestão de uma empresa? A resposta é sim: afinal, encontramos muitas similaridades e, também, muitas diferenças entre as duas. Primeiro, podemos considerar que tanto a seleção de futebol quanto uma empresa depende das pessoas e do seu trabalho em equipe para atingir os resultados desejados. 

Em uma seleção de futebol, os craques não jogam sozinhos e contam com todo o time para seu bom desempenho. Se esses se comportarem como estrelas individualistas, ocorrerá um desequilíbrio no time e todos perderão com tal atitude. Já no ambiente organizacional, o mesmo ocorre: deve haver sinergia para a concretização dos resultados. Não adianta, por exemplo, uma área produzir produtos que o departamento de vendas não conseguirá vender, nem o inverso.

Segundo, sob o ponto de vista da liderança, o técnico do time é responsável por treinar os jogadores e mantê-los preparados e motivados para desempenhar bem seu papel no campo. Na organização, o líder deve garantir que os colaboradores trabalhem em harmonia e sejam capacitados para que tenham a atitude e as competências técnicas e comportamentais necessárias para exercer a função.

Nesse quesito, as empresas brasileiras, em geral, estão em defasagem se comparadas à nossa seleção rumo ao hexa. Enquanto nosso futebol é visto como um dos melhores do mundo, nossas empresas ainda são pouco produtivas e competitivas; parte disso, porque a maioria delas ainda investe pouco na parte comportamental de seus colaboradores. Afinal, o que tem determinado a continuidade de um funcionário em uma empresa está mais ligado à sua capacidade de trabalhar em equipe, delegar, dar e receber feedback do que as habilidades técnicas para o desempenho de sua função.

Isso sem contar que, normalmente, os menos preparados em uma empresa são os mais negligenciados em termos de capacitação. O que vale dizer que,  assim como em uma corrente, sua força é determinada pelo elo mais fraco e não, pelo mais forte. Ou seja, é importante assegurar que todos sejam devidamente capacitados, para se promover o bom desempenho individual e coletivo em uma organização.

Trabalhar a atitude do colaborador é algo que também carece maior atenção e investimento. Enquanto nossos jogadores estão cientes do que se espera deles na Copa do Mundo, como conquistar a taça, nas empresas, nem sempre os colaboradores percebem seu papel no todo, o que se espera deles, quais são os indicadores e as metas que servirão para avaliar seu desempenho. Em ambos os casos, valorizar apenas quem “faz o gol” e se esquecer daqueles que contribuem para isso poder gerar rivalidades e desmotivação.

Por último, podemos falar dos clientes nos dois casos. Para a seleção, temos a torcida brasileira, que se mostra controversa: em um momento brigou para que o Brasil hospedasse a Copa do Mundo e, em outro, se revolta contra isso. Julgamentos à parte, nas empresas, satisfazer os clientes é uma tarefa igualmente complexa, pois suas necessidades e expectativas mudam com o tempo.  Hoje se fala da oferta e do consumo conscientes, da escassez de recursos e da sustentabilidade do planeta, embora ainda o sucesso seja medido pela quantidade de coisas que se possui e a dor seja tratada com a compulsão por comprar coisas.

Como se pode ver, comparar os desafios da seleção do Brasil e a maturidade da gestão nas empresas pode ser um excelente exercício para promover a reflexão sobre o que dá certo e errado quando se trabalha em equipe na busca por resultados. Há aspectos que estão muito perto e outros, muito longe entre si, demonstrando o descompasso que vive a gestão brasileira em nosso País.       

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