O que fazem as melhores empresas?

A principal lição que essas empresas nos dão é sobre a inserção da responsabilidade social e ambiental no próprio negócio.

 

Pelo sétimo ano consecutivo, a revista americana Business Ethics, dedicada à Responsabilidade Social Corporativa, publicou no mês de junho a lista das 100 empresas internacionais que mais se destacaram no campo da Cidadania Corporativa. Os critérios utilizados foram criados por pesquisadores do Boston College e as informações levantadas e analisadas pela KLD Research & Analytics, uma empresa independente de pesquisas, também sediada em Boston. A idéia da revista é reconhecer e celebrar as empresas que têm o melhor desempenho no atendimento aos interesses dos diversos stakeholders. O conceito de cidadania corporativa que adotam é “gerar resultados para os acionistas e para todos os outros públicos com os quais a empresa se relaciona”.

 

Mas o que têm e fazem de diferente essas empresas?

 

A empresa classificada em primeiro lugar este ano é a Green Mountain Coffee Roaster, que declara ter tido sempre atitudes responsáveis e uma atuação ativa nas questões ambientais. Segundo seu CEO, Bob Stiller, a grande mudança veio a partir do início dos anos 90, quando a Green começou a levar um grupo de empregados, todo ano, para conhecer onde o café é cultivado. Vários deles reconhecem que essa viagem mudou suas vidas, inclusive o jeito como trabalham. Um deles disse que depois de ver a colheita e a seleção dos grãos, feitas à mão, debaixo do sol quente, não deixou mais desperdiçar um grão sequer de café.

 

A empresa, além de patrocinar projetos que têm como objetivo a melhoria da qualidade de vida das comunidades produtoras de café, adquire 45% do café diretamente dos produtores; 25% do café comprado é certificado e ela garante aos produtores um valor mínimo para o produto, independente das cotações. Ou seja, não foi apenas um código de conduta ética ou um protocolo de intenções, mas sobretudo suas práticas comerciais engajadas no desenvolvimento humano sustentável que valeram o título à Green Moutain. Seus dirigentes não têm dúvida (embora só agora as métricas estejam sendo desenvolvidas) de que o crescimento do número de consumidores comprometidos com o apoio a empresas éticas e responsáveis é um incentivo a mais.

 

Dezesseis empresas foram citadas nesses sete anos em que a lista foi feita, mas apenas a HP, com sede em Palo Alto (Califórnia) esteve sempre nas 10 primeiras posições (em 2006 ocupa o 2º lugar). Seu melhor desempenho se dá nos critérios sobre comunidade e diversidade: o vice-presidente de inclusão global e diversidade busca articular com os dirigentes de cada país, onde a empresa está presente, programas de inclusão em diversas dimensões, como raça, gênero e orientação sexual. No caso dos portadores de deficiência, sua presença é valorizada porque ajudam a empresa no desafio de tornar acessíveis todos os seus produtos. No campo das relações com as comunidades são reconhecidos seus programas de inclusão digital na África e América Latina. O esforço no sentido de criar um modelo empresarial de reciclagem dos suprimentos também influiu na premiação.

 

Um dos maiores progressos foi feito pela Timberland, indústria de calçados, que passou do 74º lugar para a sexta colocação. Contribuíram para esse novo patamar seu poderoso programa de voluntariado, os investimentos em meio ambiente e a decisão de inovar no fornecimento de informações ao cliente sobre o produto que ele está adquirindo. A nova embalagem traz informações sobre onde o calçado foi feito, como foi produzido e seu impacto no ambiente e na comunidade. A empresa espera, com seu exemplo, influenciar os consumidores para que passem a cobrar esse tipo de informação de todos os outros produtores e setores, levando-a em conta nas suas decisões de compra.

 

A principal lição que essas empresas nos dão é sobre a inserção da responsabilidade social e ambiental no próprio negócio. A sustentabilidade não é apenas uma preocupação, mas uma ocupação levada a sério, como referência para um realinhamento das práticas empresariais. E todas confiam no poder do consumidor, na força que teremos todos quando decidirmos fazer do nosso consumo um ato de cidadania e de reconhecimento das empresas que têm compromisso com a construção de um mundo melhor.

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