Empreender com cooperativismo garante um futuro mais sustentável

Jairo Martins, superintendente-geral da Fundação Nacional da Qualidade

Campeão em empreendedorismo, o Brasil segue na liderança com o aumento de 23% para 34,5% na taxa de investimento na área em dez anos, de acordo com a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor, realizada pelo Sebrae e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade. O País se destaca da China, por exemplo, que teve uma taxa de 26,7% e, até, dos Estados Unidos, com 20%. Se consideramos o segmento das Cooperativas esse indicador seria alterado devido à inclusão de mais de 10 milhões de empreendedores. Mas qual a diferença entre investir em um negócio próprio e abrir uma cooperativa?

O cooperativismo nasceu para fundar uma sociedade com uma visão diferente de mercado. Ao criar uma cooperativa, as pessoas aproveitam experiências dos cooperados e não só reduzem os custos que teriam em um investimento individual, mas também ganham mais força de negociação, pois podem adquirir bens e serviços de forma coletiva, negociar em grupo e, assim, tornarem-se mais competitivas no mercado.

Indicadores da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) apontam que cada vez mais pessoas se unem, voluntariamente, por meio de um empreendimento coletivo, distribuem melhor a renda e movimentam a economia local. Em 2014, o total de associados às cooperativas ligadas ao Sistema OCB passou dos 12 milhões, registrando um crescimento considerável em relação ao ano anterior. Dados da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) também revelam que as 300 maiores cooperativas do mundo juntas somam um PIB de US$ 1,1 trilhão e, se fossem um país, formariam a nona economia mundial.

Exemplos não faltam de cooperativas que são bem-sucedidas e trazem renda para suas comunidades. Em 2005, pescadores da cidade de Vera Cruz, localizada no interior da Bahia, uniram-se para competir com as grandes empresas que vendiam peixes na região e criaram a Repescar, cooperativa de pescadores marisqueiros. Com 230 cooperados hoje, a organização vende seus produtos para supermercados e fornece os peixes servidos na merenda escolar do município de Vera Cruz, proporcionando uma alimentação fresca e saudável para os alunos da região.

Vencedora do MPE Brasil 2014 - Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas, como destaque em Boas Práticas, a Repescar é administrada de maneira coletiva, de forma democrática e representa um modelo de gestão sustentável. Toda a receita gerada é revertida em prol do próprio grupo, por meio de serviços e benefícios oferecidos, além da distribuição das sobras líquidas, proporcionalmente às operações realizadas.

Esse modelo socioeconômico, que ajuda a comunidade em que está inserida, pode ser aplicado tanto em uma pequena comunidade no interior da Bahia como no maior conglomerado de indústrias lácteas do Brasil, a Castrolanda Cooperativa Agroindustrial, que além da Matriz em Castro/PR, está presente em quase 20 cidades do Paraná e São Paulo. Fundada em 1951, a Castrolanda faturou R$ 1.95 bilhões, no ano passado, com as indústrias lácteas, de carne e de batatas, unidade de feijão, fábrica de rações, produtos agrícolas e insumos agropecuários.

Por promover a inclusão social, permitir uma melhor distribuição de renda e potencializar a economia local, o cooperativismo traz à comunidade em que está inserido um ciclo sustentável, que garante um futuro com mais empregos, melhor educação e maior distribuição de renda. Com as cooperativas, conseguimos perceber que é possível praticar um capitalismo sustentável, orientado para o coletivo. A estrutura é focada muito mais em pessoas em detrimento do resultado. Tudo isso, alinhado à uma boa gestão, é essencial para que o conjunto ganhe como um todo e o país retome a trilha do desenvolvimento sustentável, que queremos.

 

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