Elevar a competitividade brasileira está na ordem do dia do País

Marta Kassab, gerente geral da Quali Treinamento & Certificação

Está na ordem do dia no Brasil a necessidade de se dar um salto em sua competitividade. Isto porque, mesmo com todos os avanços sociais registrados, ainda não conseguimos nos tornar uma economia de alta renda e elevada produtividade. Um dos aspectos a serem endereçados diz respeito á competitividade das empresas, o que passa por avanços na capacitação dos profissionais da área de qualidade.
 
Para ilustrar o desafio que estamos enfrentando, consideremos que de acordo com o IPEA, apesar de o PIB ter crescido 3,6% ao ano entre 2000 e 2009, a produtividade da nossa economia cresceu apenas 0,9% ao ano no mesmo período. Considerando-se apenas a indústria, houve uma queda de 0,6% ao ano.
No debate público, muito tem sido dito sobre os aspectos macroeconômicos e estruturais deste desafio de competitividade. Este é o lado do debate que passa pela política pública e pela ação de governo que estimule a economia como um todo a ser mais competitiva. Contudo, podemos também afirmar que uma economia competitiva se faz com empresas competitivas. Portanto, não podemos descartar o papel da excelência na gestão como um elemento chave para o crescimento da competitividade do país. E, para isso, é necessário desenvolver a oferta de profissionais que possam contribuir para a otimização da competitividade das organizações.
 
Neste sentido, o setor privado brasileiro vem fazendo um longo esforço no sentido de fomentar a excelência na gestão. Desde o início dos anos 1990, iniciativas como a Fundação Nacional da Qualidade, o Movimento Brasil Competitivo e os diversos programas estaduais que integram a Rede de Qualidade, Produtividade e Competitividade (Rede QPC) vêm atuando para fomentar e disseminar tanto no setor público quanto no privado a busca pela qualidade e excelência na gestão. 
 
Mesmo assim, há muito que avançar. No último Relatório Global de Competitividade do Fórum Econômico Mundial, o Brasil desceu da 48ª posição para a 56ª no ranking global, abaixo de outras economias emergentes como Coréia do Sul (25ª posição), China (29ª posição) ou mesmo o Casaquistão (50ª posição).
 
Isto porque apesar de cerca de 20 anos de esforços, pesquisas recentes com empresas nacionais apontam que na maior parte dos casos a qualidade ganha importância em uma organização apenas na medida em que ela se torna uma exigência dos clientes ou consumidores de seu setor. Pesquisa realizada em 2010 pela consultoria Allcon aponta que para 78% das empresas o papel do profissional de qualidade é adequar a empresa para as certificações ISO. Por isso, apenas 1,9% das empresas atuam na cultura organizacional, e apenas 0,9% se voltam para os colaboradores da organização.
 
Um elemento que pode ajudar a impulsionar a competividade da economia brasileira pode ser a ampliação da base de profissionais da área de qualidade com padrão internacional. Um profissional da área de qualidade está capacitado para atuar nos mais diferentes modelos de excelência organizacional, seja o Six Sygma, sejam outros. Se este profissional conta com uma certificação de nível internacional, concedida pela American Society of Quality (ASQ), isto significa que ele está em linha com o corpo de conhecimentos mais atual na gestão de uma organização.
 
O Brasil certificou nos últimos dois anos pela ASQ menos profissionais que Índia, China, Coreia do Sul, México e Irlanda. Comparando com a Índia e China, países que certificaram o maior número de profissionais neste período, o Brasil teve uma certificação para cada três indianas ou chinesas, aproximadamente. Isto explica porque, de acordo com a pesquisa da Allcon, para 34,1% dos entrevistados faltam profissionais qualificados para atuar com qualidade. 
 
Um fator positivo é que há poucos meses a American Society for Quality – ASQ - chegou ao Brasil. Os cursos, que antes eram oferecidos apenas in loco pelas empresas aos seus próprios funcionários, passam a ser ofertados livremente aos profissionais da área da Gestão da Qualidade e que se interessem pela capacitação e certificação.  A ASQ ministra os cursos dentro de rigorosos padrões e que são aceitos internacionalmente como referência em qualidade.
 
Neste sentido, entendemos que o avanço da competitividade e da gestão das empresas brasileiras passa pela maior oferta de profissionais qualificados e certificados para atuar no campo da qualidade. A apropriação desta competência pelas organizações brasileiras pode ajuda-las a ser mais produtivas e eficientes, contribuindo desta forma para o desenvolvimento da economia brasileira como um todo.
 
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