Web 2.0: Entenda se sua empresa está usando as redes socias para alavancar seu negócio

Com a disseminação da web 2.0 e o uso cada vez mais frequente das redes sociais, as organizações discutem qual seria o modelo ideal para o bom uso das redes. As empresas têm consciência que seu público está nas redes, mas o desafio está em encontrar a melhor maneira de interagir com ele, de forma a alavancar o negócio e não gerar danos à imagem. Para entender como as organizações devem se comportar neste novo cenário, a FNQ conversou com Daisy Grisolia, especialista em comunicação, aprendizagem e interação na web e na formação de redes e seus impactos nas relações humanas. Confira a entrevista exclusiva e aprenda a potencializar o uso das redes na sua organização:

Na sua opinião, as empresas têm conseguido instituir um modelo para o bom uso das redes sociais na empresa?

Não e sim. Quando falamos “as empresas”estamos falando de  uma entidade abstrata que envolve uma grande variedade de negócios com características e demandas muito diferentes.  As empresas que atuam na produção e comercialização de hardware, software e serviços fortemente digitalizados fazem grande uso das ferramentas de apoio às redes digitais desde o seu nascimento e, se aproveitam da web para alavancar seus negócios e capital humano. Redes de desenvolvedores são altamente profissionais e eficientes.
Empresas de comércio também têm feito boa utilização das redes e entre elas não podemos deixar de citar a Amazon, que vem revolucionando a forma de comercializar e fidelizar seu público a partir de uma interação inteligente na rede,  com seus clientes e fornecedores. O grande desafio está em compreender que os sistemas de controle da indústria clássica não se aplicam ao mundo web 2.0, que é muito diferente em sua lógica de funcionamento das linhas de montagem altamente hierarquizadas. Mas considero esta diferença positiva pois o funcionamento em redes distribuídas – ou seja, formato em que todos se relacionam igualmente e o fluxo de informações acontece entre todos em igual velocidade e intensidade, - se mostra muito mais eficiente para a inovação e desenvolvimento humano sustentável do que o modelo da era industrial.

É possível fazer uso saudável das redes sociais em ambiente corporativo?


É necessário. Quem não aprender a usá-las estará irremediavelmente excluído do mercado em pouco tempo, por um único motivo:  os consumidores estão lá, no mundo digital. Em tempo de rápidas mudanças, em um mercado altamente globalizado, manter-se alienado das informações que nos mostram as tendências e permitem prever mudanças de cenários em curto prazo é manter-se a reboque dos fatos, em vez de uma atitude proativa e inovadora. Neste sentido, quando os colaboradores estão conectados eles funcionam como um grande radar, atento aos primeiros sinais. E neste cenário, aquele que vê antes, sai na frente, tem mais oportunidades de agir de forma proativa e não apenas reativa.

Existe um tempo aceitável para o uso de redes sociais no trabalho?

Não há receitas e prescrições prontas e aplicáveis igualmente a todos os setores e colaboradores. O que as grandes empresas podem fazer para que o uso de redes sociais, dentro da empresa, não interfira na produtividade dos colaboradores? A primeira tarefa é entender de que produtividade está se falando. Se falamos da produtividade em atividades mecânicas e reprodutíveis por uma máquina, o melhor é investir na implantação de robôs. Se produtividade é capacidade de solucionar novos problemas, criar novos processos, interagir, então é melhor liberar as redes sociais, pois será muito mais produtivo com elas.
Produtividade em termos de peças produzidas por hora é uma forma de avaliação adequada para a linha de montagem. Não se aplica para a criação de inteligência. Uma boa ideia não aparece com hora marcada. Por outro lado, ambientes nutritivos são fundamentais para o aparecimento de boas ideias – a inteligência é um fenômeno coletivo. Se a tarefa está clara, assim como os prazos e limites para sua realização, o melhor é deixar que o colaborador decida como realizá-la e quanto tempo ele precisa ficar conectado para executá-la do melhor modo.

Como que o uso das redes sociais pode alavancar ou declinar a carreira de um profissional?

O bom uso das redes sociais pode alavancar a carreira de um professional quando ele compartilha informações de valor relacionadas à sua profissão, ele constroi uma reputação, vai se tornando fonte de referência para outros profissionais na mesma area. O contato permanente com outros profissionais, não necessariamente da mesma área de atuação, amplia significativamente sua rede de relacionamento e com isso o repertório de respostas aos problemas do trabalho em si. Ele aumenta sua possbilidade de receber ajuda de quem conhece mais um determinado assunto, assim como abre oportunidades para quem se disponibiliza a  ajudar em sua área de especialidade.
No entanto, é importante aprender a considerar o que é assunto interno da empresa e o que é assunto que pode ser discutido e compartilhado. Se a empresa tem um código de conduta, com assuntos sigilosos,  que se aplica às relações em geral, o mesmo código de conduta se aplica à vida na web.

O que um profissional não deve fazer/postar em sua rede social para que não seja prejudicado no trabalho?

A web tem uma característica que todos (não só os profissionais ) precisam entender: tudo que é publicado na web é de algum modo literalmente público e documentável, ou seja, sempre pode ser resgatado. Portanto não escreva, o que não puder afirmar publicamente.
Alguns especialistas acreditam que o uso das redes sociais incentiva a inovação do profissional. Você crê nessa premissa?
Acredito, pratico e recomendo. Estar conectado é mais do que uma opção. É condição  de existência/sobrevivência no mundo contemporâneo. O jornal quando chega nas bancas já está velho nas redes sociais. No mercado financeiro, por exemplo, segundos fazem toda a diferença na tomada de decisões. E estes segundos preciosos é possível ganhar numa rede de conexões bem informada.
Sempre é bom lembrar que, para o uso professional das redes sociais,  leitura crítica das mídias, autonomia de pensamento e inteligência são tão importantes quanto a beleza.

Qual é a melhor forma de conscientizar os colaboradores de que nenhuma informação da empresa deve ser publicada nas mídias sociais?

Fazendo valer o código de conduta da empresa, na verdade garantindo que todos levem a sério aquele documento. Para um bom profissional, o que vale para a vida social, vale para a vida na web.

Qual a sua formação e especialização? e quais atividades realiza em torno do assunto redes sociais?

Minha primeira formação é como médica e pesquisadora em biologia molecular. Questionamento e pensamento crítico são os hábitos e atitudes que trago deste tempo.Num segundo momento concluí a formação como gestalt terapeuta e arte terapeuta, atuando junto a indivíduos e grupos de familiares e de profissionais. No terceiro tempo, ainda sob influência das abordagens fenomenológicas e influenciada pelos princípios da administração,  trabalhei intensamente com criação, planejamento e desenvolvimento de ações socio-educativas envolvendo governo, empresas privadas e organizações do terceiro setor, com ênfase nas ações de capacitação de educadores e profissionais do desenvolvimento humano. A web como instrumento  de alavancagem esteve  sempre presente nos trabalhos  de cunho social, deste o seu aparecimento no final dos anos 80.
Atualmente pesquiso e coordeno alguns grupos tendo como foco os mecanismos de comunicação, aprendizagem e interação na web, formação de redes e seus impactos nas relações humanas. Entre eles: Inovareduca e Entremeios e Visões. E é óbvio, cada dia mais em rede e na rede.

 

 

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