Michal Gartenkraut vem fortalecer a gestão do conhecimento e as relações com a academia

Em entrevista concedida à FNQ em Revista, o Presidente-executivo fala sobre a importância da melhoria da competitividade para o País.

 

Para gerir o conhecimento da FNQ e reforçar a missão da entidade de se tornar um  centro de referência mundial, Michal Gartenkraut assumiu o cargo de Presidente-executivo da instituição no mês de junho. Ele irá dividir as atividades da instituição com o atual superintendente-geral da FNQ, Antonio Tadeu Pagliuso.

 

O currículo de Michal Gartenkraut é extenso. Entre os diversos cargos que ocupou, estão os de reitor (2001-2005) do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), presidente (1987-1988) do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e Secretário-Geral do Ministério do Planejamento (1987-1988) no Governo Sarney.

 

O trabalho do executivo será focado na consolidação do relacionamento da FNQ com o mundo acadêmico e outros atores que envolvam a Gestão do Conhecimento. PhD em engenharia econômica pela Stanford University, nos EUA, engenheiro e mestre em Ciências e Pesquisa Operacional pelo ITA, Gartenkraut vê a FNQ como um elo entre o mercado e a academia.

 

Em entrevista concedida à FNQ em Revista, o Presidente-executivo fala sobre a importância da melhoria da competitividade para o País, sobre os problemas de gestão enfrentados pelas empresas e sobre as falhas do sistema educacional — principalmente nos quesitos gestão e modernidade.

 

Como será seu trabalho na FNQ?

Minha principal atividade é voltada para o público externo. Isso inclui a rede nacional e alguns relacionamentos que não estão fortes no momento, principalmente com o meio acadêmico. Também vou trabalhar para desenvolver parcerias com outros centros de referência que tenham sinergia com a nossa gestão da qualidade.

 

Qual a importância da FNQ trabalhar em parceria com o mundo acadêmico?

A FNQ tem um excelente diálogo com as empresas, coisa que a universidade não tem. A instituição é candidata a ser intermediaria na relação mercado/academia. Muitas organizações se propõem a fazer essa ligação, mas não conseguem porque não se relacionam bem nem com as corporações nem com as universidades.

 

Quando o senhor enxergou essa lacuna?

Eu pude perceber isso quando trabalhei com a formação dos profissionais. Nesse sentido, a FNQ deve e pode fazer cada vez mais e melhor. É preciso ter uma visão ampla e de longo prazo. Não é um trabalho para agora, é uma ação para vários anos. E não falo em 2010, é mais para frente ainda. Falaria em 2015, 2020.  Não vim para mudar nada, mas para ajudar a aprimorar.

 

Como é a relação da academia com o  mercado de trabalho?

Empresários se queixam da universidade e esta se queixa do mundo corporativo porque há uma vontade de sobrepor competências. A escola acha que entende do mercado e vice-versa. O resultado disso é que um tenta entrar na área de competência do outro, impedindo o diálogo.

 

Diante dessa realidade, como a FNQ pode realizar seu trabalho?

Disseminando a metodologia, o Modelo de Excelência da Gestão® (MEG). O simples fato de você se auto-avaliar é um salto qualitativo no processo para atingir a competitividade. A excelência é um incentivo e quando isso é premiado se ganha produtividade e, conseqüentemente, competitividade. A FNQ é um instrumento que complementa a formação.

 

Qual papel da gestão empresarial no crescimento do País?

Nunca foi tão importante atuar para a melhoria da competitividade de nossas empresas como agora. Cada vez mais a situação global vai exigir isso.  Aí  é que entra a gestão, seja do conhecimento ou da tecnologia. Todos os fatores de produção requerem excelência em gestão.

 

Como fazer para que empresas de todos os portes e setores incorporem a excelência em  gestão?

Multiplicando e potencializando o trabalho da FNQ. Sozinha ela não consegue atingir um universo muito grande, e nem seria o caso. Então, a melhor forma de multiplicar o trabalho é por meio de alianças e parcerias. A ação conjunta com instituições de ensino é fundamental. Além disso, elas precisam utilizar nosso modelo de gestão. Algumas já estão fazendo isso.

 

Quais são os problemas e a soluções para que as novas empresas se mantenham ativas no mercado?

Mais do que buscar soluções, é preciso constatar que o Brasil tem um problema sério em todos os setores. Em minha recente experiência, como reitor do ITA, lidei muito com o incentivo às novas empresas, micro e pequenas organizações. Eram iniciativas de alunos que terminavam o curso e queriam ser empreendedores. Então nós montamos uma incubadora que trabalhou vários pontos. Verificamos que não havia problema com o conhecimento tecnológico, nem falta de idéias. Os alunos eram criativos, mas existia um sério problema de gestão. Muitas empresas pequenas são formadas por técnicos e, pela má gestão, a maioria não sobrevive. Por isso elas  fecham, o que é uma pena.

 

Pode-se afirmar que mais do que a conjuntura econômica, o que leva a essa falência é o problema da gestão?

Estudos feitos por vários especialistas comprovam isso. A deficiência pode ser atribuída em parte a uma lacuna na formação. Meu objetivo na FNQ é auxiliar a diminuir esse problema. O que me trouxe para a instituição é a crença de que ela faz um trabalho importante para melhorar a competitividade do país.

 

O que precisa mudar na formação do profissional?

Antes preparávamos um especialista para trabalhar sozinho. Hoje o trabalho em grupo é fundamental. É preciso atuar em rede, ter versatilidade. O profissional não pode conhecer apenas sua área, tem de ter visão sistêmica. Outro ponto fundamental é ter informações sobre o mercado. Nesse sentido, a academia peca. Os cursos se dedicam pouco à questão. Isso vale para as áreas de exatas, humanas e biológicas. Os próprios professores não têm esse conhecimento. Atualmente, quem ensina só vive o mundo acadêmico,  então fica um pouco fora da realidade.

 

Pode-se dizer que o modelo da FNQ pode ser aplicado também na vida do profissional?

Sem dúvida. A importância da qualidade tem de ser incorporada pelo profissional na gestão da sua carreira. É preciso ter capacidade de analise, de extrair o máximo do trabalho em grupo. Cada um dá sua contribuição, mas o resultado é fruto do todo. É importante ter interação, minimizar as diferenças. O profissional que não está preparado para trabalhar em grupo acaba produzindo menos. É uma lacuna na formação que a FNQ pode ajudar a resolver.

 

A crise pela qual passam as universidades públicas é um problema de gestão?

Sem dúvida, mas não todas. Algumas têm outros tipos de problemas como falta de dinheiro e administração inflexível, mas, em muitas delas, é um problema de gestão mesmo. Uma das soluções para isso é a aplicação do nosso modelo, obviamente com a adaptação já feita por algumas empresas do setor público que adotam o MEG. O conhecimento acumulado na FNQ é útil para auxiliar nisso. Temos um modelo comprovadamente eficaz e métodos auto-avaliação. O importante é que também indicamos como agir para melhorar. Não existe outra proposta com tanta eficiência como a disseminada pela FNQ. O MEG é fruto de um conhecimento acumulado, comprovado pelo testemunho de empresas de primeira linha, que garantem que o trabalho funciona.

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