Uma conduta socialmente responsável, com ações voltadas para a preservação ambiental e o desenvolvimento sócio-econômico da comunidade. Assim se caracteriza a gestão de Cláudio Horta Mendes, mineiro da cidade de Nova Era e diretor da Belgo Juiz de Fora. Para ele, “se o líder de cada área ou setor der o primeiro passo, fazendo a opção pela mudança, com certeza, encontrará pessoas motivadas e dispostas a buscar melhores caminhos”, ressaltou.

Há 10 anos no comanda da Belgo Juiz de Fora, o grupo ganhou maior direcionamento e definição do mercado de atuação da empresa, realizando investimentos que resultaram na melhoria da qualidade e produtividade. Essas ações garantiram à empresa as certificações ISO 9001, ISO 14001, BS 8800, SA 8000 e o Prêmio Nacional da Qualidade® 2004.

Confira na entrevista com Cláudio Hora – engenheiro mecânico formado pela Universidade Católica de Minas Gerais, e em Engenharia Econômica pela Fundação Dom Cabral, com vários cursos de especialização no Brasil e no exterior – como uma empresa é capaz de influenciar a gestão pública de um município, atuando como catalisadora de diversas iniciativas e educando pelo exemplo: 

Em sua opinião, de que forma uma empresa privada pode auxiliar na gestão pública? De que modo os fundamentos da excelência em gestão podem ajudar o poder público?
A sociedade brasileira espera mais resultados na gestão pública. Os próprios gestores e colaboradores de órgãos públicos, como participantes desta sociedade, com certeza, estão também indignados, ou, no mínimo, frustrados ou angustiados. A forma como a iniciativa privada pode auxiliar é influenciando os líderes na busca pela excelência da gestão. Os Critérios da FNQ - Fundação Nacional da Qualidade são facilitadores desse processo. Empresas de primeira linha que seguem esses fundamentos têm o compartilhamento como cultura e o aprendizado ocorre naturalmente. Se o líder de cada área ou setor der o primeiro passo, fazendo a opção pela mudança, com certeza, encontrará pessoas motivadas e dispostas a buscar melhores caminhos. 
 

Como a Belgo-Arcelor Brasil Juiz de Fora contribuiu para a implantação de programas de qualidade em diversas empresas da cidade?
O Programa Juiz de Fora de Qualidade e Produtividade (PJFQP) é um dos projetos do Plano Estratégico da cidade. Entre os objetivos do PJFQP estão: mobilizar os colaboradores das organizações a buscar a racionalidade do processo produtivo e a melhoria dos níveis de qualidade dos produtos e serviços a custos competitivos; fomentar o uso de ferramentas da qualidade e da produtividade; impulsionar o conhecimento por meio do intercâmbio de experiências. 

Já o Prêmio Juiz de Fora de Qualidade e Produtividade veio em decorrência, como estímulo ao aprendizado, em reconhecimento aos esforços de melhoria e inovação das organizações participantes. Hoje, os critérios do PJFQP estão plenamente alinhados com as diretrizes da FNQ, por meio da Rede Nacional de Gestão Rumo à Excelência. Já treinamos 290 examinadores, dos quais 176 participaram dos ciclos de avaliação, totalizando 7.500 horas de trabalho voluntário.

Alinhado ao PJFQP, há um trabalho de base referente aos conceitos da qualidade, gestão integrada e uso de ferramentas como 5S em empresas públicas e privadas realizado por consultoria especializada. 

Há participação das empresas públicas?
Hoje o Programa tem a participação de 180 organizações dos mais diversos setores de atuação. Entre elas  estão órgãos públicos que prestam relevantes serviços à comunidade, como é o caso do Centro de Hematologia e Hemoterapia de Minas Gerais – Fundação Hemominas. Com participação crescente no programa, o Hemocentro Regional de Juiz de Fora está entre as empresas agraciadas com o Troféu Ouro do Prêmio Juiz de Fora de Qualidade e Produtividade e com plenas condições de se candidatar ao Prêmio Nacional da Qualidade®. 

Temos ainda como premiados na área de educação pública, a Escola Municipal Cecília Meirelles e o Colégio Militar de Juiz de Fora. Órgãos da Prefeitura de Juiz de Fora e empresas juniores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) também têm destacada atuação no programa.

Como estímulo ao compartilhamento das melhores práticas, trouxemos o exemplo vitorioso da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (PNQ 2002) cujo modelo de gestão foi apresentado aos gestores de hospitais públicos e privados de Juiz de Fora.
 

De que maneira a participação de fornecedores locais aumentou nas compras da Belgo-Arcelor Brasil Juiz de Fora?
Realizamos em 2001/2002, em parceria com a Universidade Federal de Juiz de Fora e o Sebrae, o Projeto de Desenvolvimento da Cadeia de Fornecedores da Belgo, também alinhado aos Critérios da FNQ. O objetivo foi aumentar a competitividade da cadeia de fornecimento, visando agregar maior valor, por meio do incremento da eficiência da gestão. Compartilhamos os conceitos de qualidade, produtividade, preço, confiabilidade na entrega, inovação tecnológica e relações com o mercado, estimulando, através do poder de compra da empresa, o desenvolvimento setorial e regional sustentável. Os resultados foram percebidos na evolução do volume de compras da Belgo em Juiz de Fora e região. Em 1995, quando a Belgo assumiu a operação, o total de compras no município não ultrapassava R$ 6 milhões. Em 2005, chegamos ao patamar de R$ 150 milhões. Algumas empresas fornecem não apenas para a Belgo em Juiz de Fora mas também para outras empresas do Grupo. 

A gestão desses programas se baseou de alguma maneira nas experiências dos programas empresariais de qualidade?
Utilizamos, inicialmente, o PJFQP, o Programa de Desenvolvimento de Fornecedores e a metodologia dos Primeiros Passos - atual Rumo à Excelência - da FNQ. Hoje, o PJFQP está alinhado à Rede Nacional da Gestão. Temos o desafio permanente de continuar evoluindo por meio do aprendizado, difundindo os Fundamentos e Critérios de Excelência e impulsionando o desenvolvimento da cidade e região, por meio dos programas da qualidade e produtividade.