Empreendedorismo que move o País

Na entrevista a seguir, o gerente nacional de atendimento do Sebrae, Enio Pinto, aborda os principais desafios enfrentados pelos micro e pequenos empreendedores e o futuro do segmento.

 

Em webcast realizado pela FNQ – Fundação Nacional da Qualidade, em agosto, o gerente nacional de atendimento do Sebrae, Enio Pinto ressaltou a importância do empreendedorismo nas micro e pequenas empresas e a relevância do segmento para o País. Segundo ele, os empreendedores se diferenciam de pessoas comuns, pois enxergam oportunidades durante os momentos de crise. Na entrevista a seguir, o executivo, professor de Gestão Empreendedora pelo Centro Universitário do Distrito Federal (UNIDF), com formação em Economia, MBA em Finanças pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC) e especialização em Administração Financeira pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), aborda os principais desafios enfrentados pelos micro e pequenos empreendedores e o futuro do segmento, que é responsável pela geração de mais da metade dos empregos formais no país. 

 

Atualmente, como podemos definir o empreendedorismo no Brasil?

O brasileiro é extremamente empreendedor. A cada 100 brasileiros, pelo menos 15 exercem atividades empreendedoras. A estimativa é que 13% da população, com idade entre 18 e 60 anos, tenham seu próprio negócio. No entanto, apenas 60% dos empreendedores investem na própria empresa por enxergarem uma oportunidade. Os outros 40% abrem uma empresa por uma questão de sobrevivência, porque não conseguiram um emprego razoável, com carteira assinada.

 

 Podemos traçar um perfil do empreendedor brasileiro?

De acordo com as últimas pesquisas, 53% dos empreendedores do País são mulheres e 52,5% são jovens, com idade entre 18 e 34 anos. Chamam a atenção, também, os diferentes níveis de escolaridade: 30% têm nível superior completo; 49%, superior incompleto; 10%, ensino médio; 8%, ensino fundamental; e 2%, até a 4ª série do ensino fundamental. 

 

Quais os desafios a serem enfrentados pelo micro empreendedor?

São muitos desafios, mas é possível sintetizar todos em um único: a profissionalização da gestão. É necessário enfatizar que, para estar à frente de um pequeno empreendimento, é preciso estudar. No passado, os professores aconselhavam quem não tinha interesse em estudar a abrir um comércio. Mas para se ter um negócio de sucesso, é necessário estar muito bem preparado. Ainda mais hoje, que o micro empresário precisa ser multifuncional dentro de um pequeno empreendimento.

 

Quais as principais causas de mortalidade empresarial?

Os fatores mais frequentes são as falhas gerenciais e as causas econômicas conjunturais (68 e 62%, respectivamente). Em seguida, estão as políticas públicas e arcabouços legais (54%) e as cargas tributárias elevadas (43%). Outras questões, mais específicas aos empreendimentos, também são significativas, como a falta de capital de giro, responsável pela mortalidade de 37%  das empresas.

 

O que muda com a formalização da empresa?

Com um CNPJ, o empresário passa a conseguir comprar melhor e a participar de vendas para médias e grandes empresas – que só compram com nota. Passam, inclusive, a vender para o governo. Melhora o acesso ao crédito e crescem as oportunidades de ampliar o negócio.

 

Muda, também, a motivação?

Claro, quando o empreendimento é informal, nem sempre ele é tratado pelo seu proprietário com a devida seriedade, pois não está realmente constituído, e acaba sendo encarado como um “bico”. Com o CNPJ, há uma mudança de comportamento do proprietário em relação ao empreendimento. Ele passa a enxergar que é preciso tomar algumas atitudes para o negócio dar certo. Em outras palavras, a formalização tende a trazer a profissionalização.

 

 Como o Sebrae pode ajudar o empreendedor?

O Sebrae disponibiliza basicamente conhecimento, esta é nossa matéria-prima. Ao nos contatar, o empreendedor tem acesso a informações sobre implantação, gestão de negócios, tecnologia e mercado. Mas há uma infinidade de soluções e formatos diferentes de se entregar o conhecimento, temos um volume enorme de informações no portal e em publicações. Se você somar a carga horária de cada um deles, terá algo em torno de 800 horas, duração que pode ser comparada à de duas pós-graduações. O interessante é que os empreendedores, ou interessados em empreender, participem de todos os cursos, para obter uma atuação mais profissional à frente dos negócios.

 

Qual a importância do empreendedorismo para a economia do país?

É total. O empreendedorismo é que dá a liga a todos os meios de produção, para que exista uma economia forte. O empreendedor é o diferencial. É ele que vai pegar o capital, mão de obra, terra e transformar tudo em empreendimentos.

 

E como está o cenário atual para quem quer empreender?

Sempre que falávamos em fatores negativos para os empreendedores, três fatores eram considerados pelos especialistas: dificuldade de acesso a crédito, burocracia e elevadas cargas tributárias. Com o advento da lei da micro e pequena empresa, já obtivemos alguns avanços em relação à carga tributária e burocrática, além de um tratamento diferenciado para a pequena empresa em relação ao crédito. Hoje, acompanhando as campanhas eleitorais, podemos observar que a questão da microempresa está mais presente nos discursos, o que é um bom sinal.

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