Diversidade e flexibilidade são as chaves para empresas serem inovadoras

Inovação tem de acontecer no mundo externo das organizações, não somente nas ideias.

Para Christopher Meyer, pesquisador e autor renomado com foco em Network-based Business Inovation, a inovação tem de acontecer no mundo externo das organizações, não somente nas ideias. Meyer participou, em setembro, do 7º Fórum Empresarial, realizado pela FNQ em São Paulo. Na ocasião, ele concedeu entrevista exclusiva para a FNQ em Revista, quando falou sobre inovação, criatividade e empresas adaptativas. Meyer é chefe executivo da Monitor Networks (Cambridge, Massachussetts), referência em consultoria, desenvolvimento de competências e serviços financeiros. Pesquisador da dinâmica das mudanças nas organizações para a melhoria da gestão, autor e colaborador de diversas publicações, incluindo o best-selller Blur: A Velocidade da Mudança na Economia Integrada (publicado no Brasil pela editora Campus).

Qual a diferença entre inovação e criatividade?
Inovação é quando a criatividade encontra o mercado. A inovação tem de criar um efeito, tem de acontecer no mundo externo e não somente nas ideias. Para a inovação existir de fato, algum processo precisa ser mudado. Só assim será realmente uma inovação.

Como as organizações promovem um ambiente favorável para a criatividade, a experimentação e a implementação de novas ideias que vão gerar um diferencial competitivo?
Minhas ideias são baseadas principalmente na biologia e na teoria da evolução. Você precisa de diversidade. Na biologia, a imensa diversidade criou, ao longo de milhares de anos, uma seleção. Acredito que podemos aprender um pouco com a natureza. Para ter diversidade na empresa, é preciso trazer pessoas que falem diferentes línguas, que tenham crescido em lugares diferentes, que trabalharam em diversas empresas e tiveram diversas funções, que sejam de partidos políticos divergentes. É uma tarefa difícil. Afinal, nossa tendência é contratar pessoas parecidas conosco. A uniformização de ideias, de valores e de processos é terrível para a inovação. O primeiro passo é a contratação. Em seguida, é preciso tornar a empresa mais flexível, aberta a novas ideias. Os stakeholders são uma fonte de novas ideias. Muitos gestores, porém, enxergam essa facilidade que a internet propiciou como um problema, e não uma oportunidade.

As empresas com capacidade e velocidade para se adaptar estão permanentemente em mudança ou há um vetor que as provoca a serem dessa maneira?
Essa é bem difícil, pois poucas organizações sabem se adaptar. Há uma frase no sul dos Estados Unidos que diz: “Se não precisa ser consertado, não está quebrado”. Algo como: se está funcionando, tudo bem, deixe como está. Eu prefiro dizer que se não está mudando é porque está quebrado. É preciso mudar constantemente.

Pequenos e médios negócios podem sobreviver se forem permissivos quanto às mudanças? Como?
Eu acredito que eles têm uma vantagem. Uma grande empresa interage muito com o seu público interno. Uma pequena empresa interage bastante com o público externo e isso é muito positivo para trazer novas ideias. As grandes empresas têm tanto a se preocupar internamente, em fazer a “máquina funcionar”, que muitas vezes não percebem os sinais externos. A captação de sinais externos é muito mais fácil para uma empresa pequena, o que facilita a absorção de novas ideias.

Como a falta de criatividade pode ser negativa para as organizações quando explode uma crise mundial?
Há vírus e bactérias por todas as partes. Há mais DNA de bactérias em seu corpo do que seu próprio DNA. E um dos “segredos” da sobrevivência das bactérias é o seu rápido poder de reprodução. Portanto, ocorre uma nova seleção geracional a cada 20 minutos. Um dos aspectos da criatividade é a velocidade com que você pode mudar. Outro aspecto é a diversidade. Se você precisa de um novo comportamento em seu repertório, você precisa de diversidade. Uma empresa que só contrata funcionários com um determinado perfil está sufocando a criatividade. Numa crise, as coisas mudam rapidamente, não há respostas óbvias. Num ambiente assim, você precisa de respostas criativas. 

Luiz Pattoli e Tatiana Assumpção

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