Em três anos de atuação, o Grupo de Estudo – Ética Empresarial da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) vem aprimorando o debate sobre as questões éticas no universo corporativo, por meio de palestras, estudos, troca de experiências e divulgação de boas práticas. Hoje, já se pode notar que o assunto tem ganhado destaque entre as organizações, cada vez mais preocupadas com sua postura e transparência.

Essa é uma das constatações de um intenso trabalho desenvolvido pelo grupo, que resultou na produção do livro Ética Empresarial. A publicação inédita no país, que a FNQ acaba de lançar, aborda conceitos sobre o tema e casos de sucesso de empresas brasileiras, como a CPFL Energia e a Siemens. Dividida em quatro partes, a obra traz reflexões sobre a consciência ética; o retrato do assunto nos negócios no Brasil, a partir de uma pesquisa feita pela FNQ, IBOPE e Senac/RS; um manual para implementação de um sistema de ética e compliance na empresa, além de um guia de informações sobre a Fundação e outras instituições brasileiras que debatem essa questão.

Em entrevista exclusiva à FNQ em revista, a coordenadora do Grupo de Estudo – Ética Empresarial, Regina do Valle, revela as contribuições do livro para o mundo dos negócios e a importância de internalizar os conceitos de ética na cultura de uma organização. 

Você acredita que a ética já está internalizada na cultura das organizações?
Pode-se dizer que a noção de ética está internalizada na cultura das organizações, na medida em que qualquer colaborador sabe distinguir a visão do certo e do errado, e tem o desejo de manter relações justas. O grande desafio, no entanto, é fazer com que os colaboradores identifiquem como ético o seu comportamento no dia-dia dos negócios. A consciência das práticas éticas no mundo empresarial exige mais que do o conhecimento de um conceito. Exige treinamento, disciplina, fiscalização, punição e ajustes constantes, até porque comportamento ético é dinâmico, alterando-se no tempo e no espaço.

Quais os desafios da ética empresarial no Brasil hoje?
O maior desafio no Brasil de hoje é fazer com que a elite empresarial adote o tema "ética" como prioridade e condição para obtenção dos resultados. Quando os empresários e executivos de alto escalão passarem a exigir a demonstração das práticas éticas como indicador de resultados para a obtenção de lucros, a jornada rumo ao sucesso nos negócios estará alinhada ao conceito de sustentabilidade . 
 

De que forma o livro Ética Empresarial vai agregar conhecimento às organizações?
O livro tem como objetivo sensibilizar o mundo corporativo para o tema "ética". Dessa forma, busca abranger os interesses daqueles leitores que querem se aprofundar em conceitos e dos que são motivados pelos exemplos de outras empresas, como os relatados na publicação.

Quais os desafios do grupo daqui para frente? 
Desde a primeira reunião, a expectativa era utilizar o grupo como um espaço de troca de experiências, aprendizado e melhores práticas sobre estruturação, mensuração e disseminação da ética nas empresas, debatendo os maiores desafios e como superá-los. Nesse terceiro ano de atuação, já com um grau maior de maturidade, estamos propondo estender as práticas além das fronteiras do grupo, atuando como provedor de conhecimento dentro da própria FNQ e nos preparando para divulgar as posturas éticas para toda a comunidade empresarial.

Do ponto de vista prático, quais os projetos do grupo para curto e longo prazo?
A partir deste compartilhamento interno, o grupo se propõe a continuar com as reuniões para trabalhar ainda mais as questões de ética, e formular recomendações de inclusão de indicadores para avaliação da consciência ética nas empresas que participam dos programas da FNQ. Além disso, vamos propor a elaboração e revisão de Códigos de Conduta Ética e Políticas de Compliance das organizações. Outro foco do trabalho diz respeito a treinamentos, com a participação dos integrantes em workshops e palestras para disseminação de vivências éticas.