Quando todos podem influir

Modelo de propriedade, respeito às pessoas e total abertura para o diálogo fazem do sistema de liderança da Promon um caso raro.

Luiz Ernesto Gemignani trabalha há 28 anos na Promon S.A., empresa brasileira de engenharia constituída por 700 funcionários e que em 2005 teve receita operacional de US$ 250 milhões. Desde 2001, Gemignani responde como diretor-presidente da organização. Sua ascensão profissional não aconteceu por indicações de um grupo restrito de acionistas, nem de conselheiros, ou tampouco de uma família-proprietária, mas por todos os colaboradores. Isto porque a Promon é uma empresa 100% de propriedade de seus colaboradores, os quais há cada três anos escolhem seus diretores através de voto direto e secreto. Com os modelos acionários e de escolha de dirigentes tão particulares, é natural que a Promon seja um caso interessante quando o assunto é liderança, tanto no âmbito da direção quanto na forma de se trabalhar no dia-a-dia. 

Segundo Gemignani, as decisões que definem os rumos da empresa são construídas a partir de muito dialogo, de processos estruturados que permitem a captura das aspirações dos colaboradores. “Isto cria uma dinâmica de liderança muito distribuída, ou seja, os caminhos da Promon não são feitos a partir da direção que eu estou dando à companhia, e sim resultado de decisões coletivas”, explica o diretor-presidente. “Na medida em que você procura sempre fazer essa síntese do grupo, das ansiedades e das expectativas coletivas, o diretor da Promon se torna muito mais um veículo da materialização dessas vontades do que propriamente o definidor, o capitão”, acredita.

A cultura de incentivar a participação das pessoas faz da Promon um terreno fértil para o aparecimento de novos lideres. Porque liderança, na visão de Gemignani, não é um conceito ligado ao poder e sim à capacidade de uma pessoa em influir. Como grande parte da Promon se organiza através de grupos de trabalho definidos para executar projetos específicos e sem a divisão de cargos – apenas a existência de um coordenador – o ambiente é sempre favorável ao desenvolvimento dinâmico de lideranças. “Quando você cria um contexto de comunicação muito aberto, em que todos no grupo têm condições de expressar o que pensam, a possibilidade de influir é para todos”, ressalta.

“Um colaborador, ao sugerir algo que tenha influído na decisão de uma nova direção para a companhia, exerce, independentemente do poder que ele tenha na hierarquia, uma forma absolutamente legitima e contundente de liderança”, diz.

Crises 

Organizar-se desta forma permite a empresa criar o ambiente necessário para que seus colaboradores estejam sempre estimulados a produzir soluções inovadoras e criativas às demandas de seus clientes. “O que a Promon faz não é um processo repetitivo, automatizado. Se você tem estruturas de liderança muito enrijecidas, hierarquizadas e dominadas por ações de comando, a chance de haver uma solução criativa e inovadora é pequena. Não vou dizer que não vai acontecer, mas é pequena. O potencial da Promon está ligado à capacidade criativa de nossos colaboradores”, ressalta Gemignani.

É graças a este ambiente saudável que a empresa conseguiu superar as diversas crises enfrentadas ao longo de seus 45 anos. “Por atuarmos na área de infra-estrutura, toda vez que o Brasil entrou em uma crise a Promon foi junto. Não teríamos sobrevivido se não tivéssemos tal modelo de propriedade e sistema de liderança”, avaliza.

No caso da Promon, as crises, porém acabam unindo as pessoas. Enquanto que em empresas convencionais elas costumam impulsionar o afastamento e conflitos entre colaboradores, a Promon “cresce” a cada dificuldade. “Passamos por uma crise há quatro anos, foi um momento difícil, tivemos prejuízos e tomamos medidas duras, mas o fato é que nós nos mobilizamos tanto em torno daquilo que hoje estamos sob todos os aspectos muito melhores do que estávamos antes”, revela o presidente. “A situação financeira da empresa; a situação mercadológica; os resultados; a eficiência: nós estamos num estado de excelência muito mais avançado do que estávamos antes”, completa.

Respeito às pessoas

É nesse contexto de excelência que a Promon foi eleita em 2005 A Melhor Empresa para se Trabalhar no Brasil pelo Guia Exame - Você S/A. Por trás da conquista, além de seu modelo de propriedade e de estrutura organizacional, a palavra-chave é respeito. “O ponto de partida para você respeitar um colaborador é reconhecê-lo não como um capital, como um recurso, e sim como uma pessoa”, revela o diretor-presidente. “Por respeito, entenda-se não colocar um fim utilitário na sua ação com as pessoas. Não é dizer eu preciso criar um ambiente bom porque dessa forma elas vão produzir mais”. Para mim isso é desrespeito, você cria uma relação custo-beneficio que foge de um dos objetivos da Promon que é ser uma empresa de pessoas felizes”, pondera.

Segundo Gemignani, a Promon não se limita ao seu papel de empresa, mas também se considera um organismo social. “Mais do que negócio, as empresas são entes sociais, elas são um segmento da sociedade e o propósito da sociedade são as pessoas”, finaliza.

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