Por meio de P&D, Fox muda rota de produção da Volkswagen
O investimento em P&D fez da Volkswagen Brasil os especialistas, dentro da marca mundial, em carros de entrada.
O avanço tecnológico, a agilidade do mercado automobilístico e o alto grau de exigência e sofisticação do mercado fizeram com que os automóveis ficassem muito parecidos mecanicamente e tecnologicamente. A necessidade de se investir em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para criar diferenciais competitivos para cada produto passou então para as mãos dos designers, agora os grandes responsáveis por traduzir e despertar os desejos de consumidores. A tese é defendida por Gerson Barone, gerente executivo de Design & Package da Volkswagen do Brasil.
Exemplo de que a análise de Barone está correta é o projeto Tupi, o qual deu origem ao Fox, automóvel totalmente desenvolvido no País, pensado para brasileiros, porém versátil o bastante para ser um produto tipo exportação. Os alemães acreditaram no nosso potencial e agora nós temos a petulância diante daqueles que são mais desenvolvidos de fazer um carro para a Europa, comemora Barone. Trata-se do primeiro caso em que a filial brasileira qualifica-se para a posição de desenvolvedora e produtora de modelos para o conjunto da corporação.
Também é graças ao Fox, carro que se destaca pelas inovações tecnológicas e principalmente pelo desenho, que a Volkswagen do Brasil foi capaz de reforçar sua posição no mercado interno, dando suporte às Estratégias e Planos de reestruturação da empresa lançado em 2003 para garantir seu futuro com foco no ajuste dos volumes de exportação, no aumento de competitividade e na redução adicional de custos.
A era da inovação
Há muito que as fábricas brasileiras da Volkswagen deixaram de ser montadoras de veículos em moldes ultrapassados. Está disseminado na linha de montagem o espírito de P&D. O funcionário da Volkswagen já tem no seu íntimo a idéia de transformar. Inovar não é uma necessidade restrita a equipes de design e tecnologia, afirma Barone. Na implementação de um projeto novo, todas as áreas da fabrica trabalham num plano de desenvolvimento e inovação continua. A (área de) Compra tem que pensar em uma logística nova, a de planejamento programa a nova fabrica, como será a produção da nova linha, e assim por diante.
São características como essas que faz do setor automobilístico um dos pólos de destaque em P&D no Brasil. Após anos trabalhando na adaptação de projetos importados de suas matrizes no exterior para o mercado brasileiro, o setor hoje busca percorrer o caminho inverso, como o caso do Fox.
O investimento em P&D fez da Volksvagem Brasil os especialistas, dentro da marca mundial, em carros de entrada, carros para clientes de poder aquisitivo menor, conta Barone.
A favor das fábricas no Brasil estão os seus funcionários, que nas palavras do gerente, possuem versatilidade e jogo de cintura. No Brasil temos sertão e metrópoles, contrastes enormes, é preciso fazer carro para todo tipo de terreno, diferentemente da Europa, onde as estradas são praticamente acarpetadas. Nós lidamos com essas dificuldades, e é na dor que a gente aprende, ressalta.
Projeto Tupi
Para estar sempre na vanguarda de sua área de atuação, a idéia de desenvolver e produzir o Fox surgiu em fins de 1998 e foi manifestada pela Diretoria de Estratégia de Produtos da Volkswagen. Foi o projeto dos meus sonhos, e de muitos outros aqui na Volkswagem. Nós sempre tivemos a idéia de fazer um carro para a família brasileira, conta Barone.
Partindo de estudos sobre os hábitos e a rotina dos brasileiros o peso da mulher na escolha do automóvel foi levado em conta e resultou no uso de matérias que não desfiam meia-calça nem quebram ou lascam unhas femininas o carro foi adequado para a nova família brasileira, cuja altura média agora é de 1,85m. Também foram levados em conta o preço, que deveria ser acessível a uma camada significativa da população, e a escolha dos fornecedores, em sua grande maioria nacionais (entre 85% e 90%).
A idéia era fazer um compacto, por causa das grandes cidades e a falta de espaço, mas que tivesse muito espaço, conforto e facilidade de limpeza. Usamos pouco tecido, pouco carpete, o carro é prático, tem boa movimentação de banco, diversos tipos de porta-trecos, revela o gerente.
Do estudo de tais requisitos e da ergonomia aplicados no carro, o desenho surgiu quase que espontaneamente. Para atender à necessidade de espaço interno indicada pelo cliente, a área de Design & Package da Volkswagen do Brasil usou um novo conceito de criação de automóvel para gerar o Fox o Designed Around the Passengers. Ao invés de seguir a rota tradicional, de desenhar primeiro o exterior e depois adaptar o interior a essa forma, os designers criaram o Fox de dentro para fora.
Completado todos os requisitos internos, os profissionais apenas aprimoraram o exterior, esculpindo e dando o toque final de beleza ao carro, segundo Barone.
Outra inovação do Fox é o emprego da fibra do curauá, planta nativa da Floresta Amazônica pertencente à família do abacaxi, no revestimento do teto e na tampa interna do porta-malas, em substituição à fibra de vidro. Cultivado tradicionalmente por pequenas comunidades indígenas e familiares rurais nas imediações de Santarém, o curauá é 100% ecológico, tem baixa densidade, é totalmente reciclável, mais resistente, de aspecto bastante agradável e de fácil higienização, com redução de custo na produção que beneficia o consumidor final. Isso é desenvolver tecnologia local: usar um produto que é de origem local, natural, e colocá-lo no desenvolvimento de uma peça que será usada num carro a ser vendido na Europa, reforça o gerente.
O Fox é também primeiro carro brasileiro com motor 1.0 equipado com o sistema Total Flex. Desta forma, a empresa incorpora gera novas idéias, incorpora em seus processos e produtos, visando conquistas novos clientes e criar mercados.
Comentários
Para escrever comentários, faça seu login ou conecte-se pelo Facebook ou Linkedin