Sustentabilidade e educação corporativa

A educação corporativa é um instrumento útil e necessário para toda empresa que busca a sustentabilidade e sua integração com a sociedade.

 

Não há empresas sustentavelmente competitiva em sociedades não-sustentáveis. Estes aspectos estão interligados e há necessidade de focar a produção de bens como uma atividade cujo processo perpassa sempre por toda a sociedade. A produção de qualquer produto ou serviço passa, necessariamente, pela produção, fiscalização, normatização, legislação e regulamentação, ou seja, envolve o primeiro, segundo e o terceiro setor.


Ao mesmo tempo em que a educação básica é fator essencial para o desenvolvimento sustentável de qualquer país, a educação corporativa é um instrumento útil e necessário para toda empresa que busca a sustentabilidade e sua integração com a sociedade. Além de estimular o desenvolvimento profissional do trabalhador e a própria profissionalização, a educação corporativa torna-se um diferencial competitivo ao aumentar o nível de aprendizado, capacitação, atualização e o conhecimento de ponta dentro da organização.


Hoje ninguém duvida de que as empresas são o grande agente de transformação da sociedade. As organizações, assim como seus gestores, devem ter uma compreensão clara de que a capacitação também passa pela valorização das pessoas, um dos Fundamentos da Excelência em gestão, disseminado pela Fundação Nacional da Qualidade e seguido por diversas organizações líderes. 
Justamente por esse motivo, deve ser amplo o questionamento de como será sua atuação no que se refere à capacitação na educação corporativa, e também de que modo e com quais características esta deve ser elaborada e praticada.


Uma reflexão mais profunda sobre o assunto leva à conclusão de que a educação corporativa deve ser, antes de tudo, autônoma, complementar e específica. Autônoma porque ela não pode estar sujeita à interferência de nenhum agente externo, especialmente do governo. A ação pública deve existir, sim, mas no sentido de estimular que o aprendizado aconteça, mediante a dedução dos investimentos feitos na formação da força de trabalho.


Além de autônoma, a educação corporativa também deve ser complementar. Em primeiro lugar, a organização tem de identificar as lacunas na formação de sua própria força de trabalho, e em seguida atuar para que elas sejam corrigidas e supridas, complementando o que for necessário. Para isso, o melhor é buscar nas instituições privadas ou públicas os cursos que contribuam para a minimização das falhas identificadas na formação de sua equipe de trabalho, sejam estas de ordem técnica, social ou psicológica. E nada impede que a empresa procure fazer ela mesma sua própria capacitação, com a ajuda de especialistas nas áreas necessárias.


A especificidade é outra característica de muita importância quando se trata de educação corporativa. Para funcionar de verdade, ela tem de atender às necessidades específicas da empresa, tomando por base, na elaboração de seu conteúdo curricular, a cultura da organização e a vivência técnica e social experimentada pelas pessoas que compõem a equipe. Vale lembrar que o “fazer” de cada indivíduo dentro da companhia enriquece muito a definição e o sucesso de todo o processo.


No que se refere a conteúdo, o desenvolvimento de gestão empresarial e o desenvolvimento técnico-operacional são temas fundamentais da educação corporativa. É preciso ter em mente que “gestão” inclui uma multiplicidade de aspectos – sociais, vivenciais, psicológicos, antropológicos e filosóficos, bem como o desenvolvimento e a aplicação de instrumentos que auxiliem a atividade empresarial. Por outro lado, a questão técnico-operacional enfoca os processos de produção e de suporte das atividades da organização. Logicamente, todos os assuntos abordados devem estar presentes desde a sala de aula até o treinamento no local de trabalho.


Não é demais enfatizar que a educação corporativa constitui, assim como a educação básica, um fator fundamental para a sustentabilidade das organizações e da sociedade como um todo. Ambas, afinal, contribuem para suportar a produção de bens e serviços de uma nação.


Nesse contexto, a política industrial do país torna-se um referencial importante, porque é ela que estabelece prioridades e delineia ações para todos os setores produtivos na busca do desenvolvimento. Ao contribuir para a sustentabilidade econômica, essa política deve orientar não apenas para que se alcance o estado da arte tecnológico, mas também para que exista uma maior participação de todos os setores da sociedade que trabalham para o desenvolvimento da nação.


É indispensável, portanto, que a atuação governamental favoreça melhorias na educação básica do país e permita que o setor produtivo estabeleça, de modo autônomo, a educação corporativa em seu ambiente de trabalho; e que, como foi dito, que esta seja complementar e específica às necessidades de cada empresa. 
Quanto mais completa for a educação básica presente em uma nação, maior a disponibilidade das organizações em investir na educação corporativa, o que certamente contribui para aumentar a competitividade de um país e melhorar a qualidade de vida de sua população.

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