O caminho para o Brasil voltar a crescer

Por Jairo Martins, presidente executivo da FNQ

O País passa por uma situação política e econômica delicada, com uma população insatisfeita, riscos de crise hídrica e energética, casos de corrupção e baixo crescimento econômico. Esses fatores causam desconfiança externa e impedem um ambiente de negócios confiável para o Brasil. Com um cenário desafiador, muitas empresas vêm optando por cortar custos, reduzir a estrutura de pessoal e evitar investimentos e o resultado disso não é nada animador.

Para que o Brasil tenha um crescimento sustentável, retome a trilha do desenvolvimento e volte a se inserir no mercado internacional, a produtividade das empresas e a competitividade do País devem andar juntas. Temos de entender que, hoje, a produtividade das organizações é afetada por uma fraca liderança, pela baixa qualificação dos colaboradores, pelo custo-Brasil, custo-corrupção, pela defasagem tecnológica, por processos deficientes, pela baixa qualidade dos produtos, pelo absenteísmo - provocado pela saúde dos funcionários-, pelos altos custos operacionais, pela falta de inovação e por uma governança deficiente.

Já a competitividade do Brasil se arrasta pelo baixo nível de educação, pela alta tributação, alta inflação, logística deficiente, legislação arcaica, burocracia excessiva, segurança precária, baixa reputação, pelo baixo investimento, pela justiça lenta e a corrupção.

Cingapura e Coreia do Sul são bons exemplos de países que já passaram por crises econômicas e políticas e deram a volta por cima ao criarem um cenário estável. Hoje, são competitivos e possuem um ambiente de negócios favorável. Pelo segundo ano consecutivo, Cingapura foi escolhida como o segundo país mais competitivo do mundo, de acordo com Ranking Global do Fórum Econômico Mundial (FEM), que classifica os países a partir de dados estatísticos, econômicos e das opiniões de executivos de 144 países, cobrindo 12 pilares multitemáticos, como infraestrutura, ambiente macroeconômico, educação, inovação, entre outros. O governo sul-coreano sempre estimulou o surgimento de empresas e sua sustentação globalmente, como Hyundai, Samsung e LG.

Não precisamos ir tão longe para termos outra referência. A Colômbia realizou, nos últimos anos, reformas na economia, vem sendo impulsionada por um programa de investimento público em infraestrutura, segurança pública e moradia e, ainda, vive o auge de um novo setor de matéria-prima: o carvão. Isso vem possibilitando um crescimento do PIB em mais de 4% desde 2010, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Esses fatores contribuíram com o ambiente do país, o que ajuda as organizações lá estabelecidas a serem mais produtivas.

Para o Brasil sair da situação atual, governo e organizações devem caminhar lado a lado e assumir o compromisso de atacar os pontos que afetam a produtividade e a competividade do País, alinhando ações conjuntas tendo como foco a excelência da gestão, na qual os recursos sejam mais bem utilizados e gerem mais valor para a sociedade.

O Pacto pela Excelência da Gestão no Brasil, apresentado pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) para alguns ministros, diversos governadores e prefeitos - e aguardando uma data para ser apresentado para a presidente Dilma Rousseff -, propõe fazer do Brasil uma sociedade organizada e evoluída, que seja economicamente viável, ambientalmente consciente, socialmente responsável e eticamente transparente. Para isso, o objetivo do pacto é sensibilizar todos os envolvidos, capacitar os governos, fazer um diagnóstico das necessidades da população e construir um plano nacional de melhoria. A FNQ coloca, no documento, todo o seu conhecimento e comprometimento com o País para ser um instrumento da mudança que nós precisamos.

As ferramentas para melhorar a produtividade das empresas e a competividade do País estão disponíveis. Basta que governo e organizações estejam preparados para enfrentar situações menos cômodas, arregaçar as mangas e mudar a maneira como o Brasil está sendo gerido, para que volte a crescer e tenha um desenvolvimento sustentável que queremos e merecemos. O Brasil será o que dele fizermos.

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