Gestão na Pequena Empresa

O primeiro passo para que a pequena empresa adote as boas práticas de gestão é a sensibilização do líder.

As micro e pequenas empresas no Brasil e no mundo tem características próprias. São mais ágeis, versáteis, flexíveis e adaptam-se com mais facilidade que as grandes empresas, mas em contrapartida, devido às limitações próprias de seu porte, em geral têm menos poder de barganha e não se beneficiam de ganhos de escala.

Por isso mesmo, não se podem reproduzir mecanicamente os modelos de gestão e de boas práticas empregados pelas empresas de maior porte. O empreendedor é uma espécie de faz tudo, precisa assumir múltiplas funções, a distância entre os escalões, se é que o termo é apropriado nesse caso, praticamente não existe, a hierarquização e departamentalização também não, o que predomina nas relações é a informalidade, enfim, são realidades muito distintas.

Da mesma maneira, na grande maioria dos casos, a grande empresa é mais capacitada, conta com recursos humanos mais treinados e desenvolvidos que a pequena empresa. É claro que há exceções, como as pequenas empresas da área de tecnologia, muito bem preparadas.

Essas diferenças determinam que o modelo de excelência de gestão da grande empresa sofra um ajustamento na hora de ser aplicado ao pequeno negócio: os fundamentos são os mesmos, mas a maneira de implantação deve ser diferente. Devido à privilegiada visão de conjunto de que o líder desfruta, ele tem enorme capacidade de implementação das boas práticas de gestão. A inovação, por exemplo, que hoje diz respeito mesmo à sobrevivência no mundo empresarial, pode ser implementada quase que da noite para o dia, pois as instâncias de decisão praticamente inexistem. Nós, do Sebrae, somos testemunha da velocidade com que se passa dos testes para a implantação de inovações nas pequenas empresas, particularmente quando são empresas de incubadoras, ambiente já propício a essa prática.

O primeiro passo para que a pequena empresa adote as boas práticas de gestão é a sensibilização do líder, sem dúvida. Quando o pequeno empresário está convencido de que as boas práticas vão repercutir nos resultados de seu negócio, que terão impacto direto e positivo em seu desempenho empresarial, ele vai adotar os fundamentos da excelência em gestão, e o fará rapidamente.

E qual o melhor modo de sensibilizar esse empresário? O exemplo. Procuramos mostrar nas diversas mídias os casos de sucesso, que permitem que ele faça comparações, que extraia lições para a sua rotina, pois já sabemos que o pequeno empresário não está interessado em teoria, mas no mundo real, em saber quais os segredos do desempenho das pequenas empresas que adotaram boas práticas de gestão.

O passo seguinte é a capacitação desse empresário, por meio de consultoria assistida e de uma série de iniciativas. No Sebrae, por exemplo, os fundamentos da excelência em gestão já estão incluídos transversalmente nas matrizes para capacitação de empresários.

Estamos também desenvolvendo em conjunto com a FNQ módulos específicos de excelência em gestão para a pequena empresa. O plano é estabelecer uma escala de empresa que funcione à maneira de degraus rumo à excelência.

O próprio Sebrae adotou em sua gestão os fundamentos e critérios de excelência, por meio do Geor - Gestão Orientada para Resultados, que trouxe maior transparência e um formato mais participativo à Instituição. O Sebrae passou a visar mais que os resultados de esforço – como a quantidade de capacitações realizada e o número de participantes de cursos –, os resultados finalísticos, ou seja, a geração de empregos decorrente de determinada ação do Sebrae, o impacto na exportação, enfim, as repercussões em nossa clientela. Hoje já são 800 projetos no Brasil, que compreendem 71% do orçamento da instituição.

Todo esse esforço no sentido de capacitar a micro e a pequena empresa, no entanto, pode esbarrar na legislação brasileira, que foi pensada para a grande empresa. É preciso simplificar a legislação e desonerar tributariamente a pequena empresa, iniciativas contempladas pela Lei Geral da Micro e da Pequena Empresa, que se encontra em tramitação no Congresso Nacional. A soma desse conjunto de fatores pode se tornar no motor de uma revolução capaz de, em poucos anos, transformar completamente o cenário econômico brasileiro, promovendo o ciclo de crescimento que todos esperamos.

Patrocinadores dessa edição
Saiba como patrocinar Patrocinadores10
Loading
Comentários
Para escrever comentários, faça seu login ou conecte-se pelo Facebook ou Linkedin
Carregando... Loading
Carregando... Loading