Organizações criam canais para receber denúncias e dúvidas sobre ética

06/11/2011

 

Iwara

O funcionário pode aceitar presente de fornecedor? Participar de sorteios dentro da empresa é permitido? E indicar um parente para trabalhar no mesmo departamento? Essas são algumas perguntas que surgem no ambiente corporativo e demandam atenção de profissionais que atuam em prol da boa conduta nas empresas. Para discutir como as organizações podem criar práticas para solucionar essas dúvidas e outras questões éticas no âmbito dos negócios, a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) criou o Comitê de Ética Empresarial, formado por 25 grandes empresas filiadas à instituição, como Itaú Unibanco, CPFL Energia, Rhodia, Siemens e Suzano Papel e Celulose.


A partir de reuniões presenciais realizadas mensalmente, o grupo realiza uma série de atividades, estudos e debates para compartilhar conceitos, princípios e casos de sucesso que contribuam para a disseminação da ética na sociedade e nas empresas. De acordo com o superintendente-geral da FNQ, Jairo Martins, temas relacionados à ética têm ganhado cada vez mais espaço no dia-a-dia das empresas. "A crescente valorização e preocupação com a transparência tanto no ambiente interno, quanto na relação com o mercado tem motivado as organizações a internalizar a cultura ética em seus valores. Uma das formas de estabelecer essa transparência é por meio da comunicação, da definição de objetivos claros e das atitudes dos colaboradores, a começar pelos líderes", destaca.


Entre as práticas bem-sucedidas que vem ganhando destaque nas empresas do Comitê é a criação de um canal de comunicação com públicos internos e externos para tirar dúvidas sobre questões éticas, bem como fazer denúncias e reclamações sobre condutas. É o caso da empresa de energia CPFL que criou o Consultório Ético, um ambiente virtual em que funcionários, clientes e fornecedores podem enviar uma mensagem para consulta, crítica, esclarecimento e aconselhamento sobre conflitos éticos. Quem atende as demandas, de forma confidencial, é um consultor da empresa, especializado no assunto. A gerente da Ouvidoria da CPFL Energia, Lúcia Helena Magalhães, ressalta que "as consultas mais relevantes recebidas no Consultório Ético são convertidas em Perguntas & Respostas e disponibilizadas para visualização no portal da empresa".


A Serasa Experian também abriu diversos canais para ouvir seus colaboradores, entre eles o Programa Alerta que dispõe de um telefone com ligação gratuita para questionamentos, anônimos ou não, direcionados à Auditoria Interna da empresa. A organização dispõe ainda de um endereço de e-mail específico da área de Compliance para receber dúvidas e denúncias sobre questões éticas. As mensagens são direcionadas a profissionais da Serasa com conhecimentos técnicos, para que possam responder diretamente ao funcionário que utilizou o canal.


Outra empresa que adota uma prática semelhante é a Suzano Papel e Celulose, que possui a Ouvidoria Externa como forma de atender denúncias e perguntas sobre posicionamentos éticos tanto de colaboradores, quanto de fornecedores e da sociedade. As mensagens, enviadas por e-mail ou por telefone 0800, são analisadas por grupos de trabalho que compõem o Comitê de Gestão de Conduta da empresa e estabelecem planos de ação para atender cada uma das demandas.


De acordo com Cristina Wendling, que atua como consultora de RH da Suzano, 100% dos questionamentos são respondidos, ente os quais estão dúvidas relacionadas a procedimentos legais, processos de seleção, além de denúncias sobre desvios ao código de conduta. "É um canal de grande credibilidade, cuja utilização cresceu mais de 150% desde 2008. Isso mostra que as pessoas acreditam e entendem a importância da ética para a empresa", destaca.


Essa mesma credibilidade tem o AES Helpline, o canal da empresa de energia AES Corporation disponível 24 horas, via internet e telefone, para denunciar eventuais violações ao código de conduta em todas as unidades da companhia no mundo. Segundo um levantamento feito pela organização, cerca de 70% dos funcionários informaram que se sentem confortáveis em utilizar o AES Helpline para esclarecer dúvidas ou reportar problemas relacionados a condutas organizacionais. Isso demonstra a eficácia do serviço a fim de fomentar o debate em torno das questões éticas relevantes para colaboradores e demais públicos de interesse da empresa.

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