Serasa Experian relata os principais desafios da área de Compliance

Em acordo com a política global Anticorrupção, a empresa Serasa Experian criou uma área de Compliance para a América Latina. Entenda quais foram os desafios para implantação da área na organização, além da importância em adotar uma política anticorrupção alinhada com o time de colaboradores da empresa, em uma entrevista com a gestora de Compliance para a America Latina, Rogéria Gieremek.

O que motivou a Serasa a implantar um sistema de Compliance na empresa?
A Experian é uma empresa multinacional e lançou um projeto para “globalizar” a área de compliance em todas as regiões em que atua, objetivando criar padrões consistentes com cada cultura local e em conformidade com a lei britânica “UK Bribery Act”. Com isso, houve a criação da área de Compliance na América Latina e a aplicação e o acompanhamento de um Programa Global Anticorrupção da Experian.

 
Como foi o processo de implantação de uma política anticorrupção no escritório brasileiro da Serasa?
A Implantação ocorreu por meio de um Programa Global Anticorrupção da Experian, com a participação do time de Compliance do Brasil e consistiu na criação de políticas globais anticorrupção e de presentes e hospitalidade (incluindo patrocínios), além de um Código de Conduta Global. Após a aprovação final dos documentos, traduzidos para 16 idiomas, dentre eles o Português e o Espanhol e a realização de um treinamento global anticorrupção realizado com todos os colaboradores.

Como experiência positiva, posso citar o fato de a América Latina (considerados Brasil, Argentina e México) ser a região em que a porcentagem de pessoas com o curso concluído dentro do prazo é uma das mais altas do Mundo, o que se deu, acredito, pelo trabalho de comunicação interna e comunicação direcionada aos líderes. Como fato negativo, cito problemas relacionados às diferentes “tecnologias” empregadas em cada país e sua eventual incompatibilidade, num primeiro momento, ao menos, com a plataforma na qual o treinamento online foi disponibilizado.

 
Do que trata a política da Serasa?
A Política Global Anticorrupção da Experian define corrupção, suborno e temas como pagamentos de facilitação, lobbying, doação, patrocínios, brindes institucionais, entre outros. Além da política e do Código Global de Ética, há uma política global específica para Presentes e Hospitalidades. Na América Latina e em outras regiões, há Políticas Regionais de Conflito de Interesses, também relacionadas ao tema.

 
Quais foram as principais dificuldades encontradas pela sua área ao implantar a Política Global Anticorrupção na empresa?
Creio que a principal dificuldade foi demonstrar a importância de Compliance para todos os colaboradores, iniciar o diálogo sobre temas relacionados a corrupção e incentivar a discussão de casos, reais ou potenciais.

 
O que deve ser levado em consideração na implantação de uma política de Compliance?
A importância de avaliar a cultura local, ou seja, o contexto em que a política será aplicada é essencial na aplicação de qualquer política, assim como o público-alvo.

A partir desses dois elementos será possível definir a estratégia de comunicação e treinamento sobre o tema. Além disso, há a questão da implantação de controles e monitoramento e revisões contínuas, fundamentais para o sucesso de qualquer política na empresa.
 

Como engajar colaboradores e qual a importância desse engajamento para a eficácia da política?
O engajamento dos colaboradores ocorre, a meu ver, com uma comunicação eficiente e um programa de treinamentos constantes e criativos, que tragam as questões de compliance mais próximas daquela realidade, despertando interesse pelos temas abordados na política. Claro que medidas punitivas relacionadas ao não cumprimento de políticas funcionam como instrumento auxiliar para o  compliance, bem como a divulgação de exemplos de consequências decorrentes de casos concretos de desconformidade.

O engajamento de todos é fundamental para a eficácia de qualquer política, para que não se torne apenas um documento bem escrito, sem utilidade prática. Para ter exemplo prático da importância do engajamento dos colaboradores, o tema da Semana de Compliance – programa anual global da SERASA EXPERIAN com o objetivo de disseminar o tema internamente – diz tudo: “Compliance começa com VOCÊ!”.

 
Qual a diferença entre Compliance e governança corporativa?
Compliance significa cumprir, executar, realizar o que foi imposto, com o objetivo principal de reduzir riscos vinculados à imagem/reputação e riscos legais/regulatórios. Compliance tem como principal função contribuir para que todos na empresa cumpram a legislação, as políticas corporativas, os valores e os padrões éticos, bem como identicar e prevenir violações ou desvios relacionados ao tema. Além disso, está relacionado ao atendimento de obrigações regulatórias e melhores práticas éticas, objetivando o impulsionamento de oportunidades para os negócios, alinhado aos objetivos estratégicos da organização.

Já a Governança Corporativa “é o conjunto de processos, costumes, políticas, leis, regulamentos e instituições que regulam a maneira como uma empresa é dirigida, administrada ou controlada. O termo inclui também o estudo sobre as relações entre os diversos atores envolvidos (os stakeholders) e os objetivos pelos quais a empresa se orienta. Os principais atores tipicamente são os acionistas, a alta administração e o conselho de administração. Outros participantes da governança corporativa incluem os colaboradores, fornecedores, clientes, bancos e outros credores, instituições reguladoras (como a CVM, o Banco Central, etc.) e a comunidade em geral”.  Acredito que Compliance faça parte de um sistema eficiente de Governança Corporativa.

 

Loading
Comentários
Para escrever comentários, faça seu login ou conecte-se pelo Facebook ou Linkedin
Carregando... Loading
Carregando... Loading