São Paulo completa 462 anos com muitos desafios pela frente

Diretor e consultor da FNQ, Marcos Bardagi, faz recomendações ao próximo gestor da capital paulista

No aniversário da maior metrópole brasileira, a FNQ entrevista o diretor e consultor da Fundação, Marcos Bardagi, para falar sobre os principais desafios de São Paulo, como o Modelo de Excelência da Gestão® (MEG) pode auxiliar o gestor e dá algumas recomendações para o próximo prefeito da capital paulista.
 
Quais os grandes desafios para administrar uma cidade tão cosmopolita e tão populosa como São Paulo?
 
A cidade de São Paulo notabiliza-se por ser um aglomerado urbano (e rural!) extremamente diverso e complexo. Como toda organização ou instituição com essas características, vejo que uma administração eficiente só é possível lançando-se mão de muita capacidade de gestão, com processos eficientes e com pessoas certas nos lugares certos. E, ainda, com a crise que enfrentamos no Brasil, longe de terminar, é preciso ainda mais habilidade para a alocação correta de recursos financeiros mais escassos.
 
Por estar mais próximo da população e, consequentemente, dos problemas, é desejável que o prefeito de uma cidade como São Paulo tenha um perfil mais político ou mais administrativo?
 
Esta pergunta é muito pertinente, pois permite-nos refletir sobre a essência da política e, ainda mais, porque estamos focando na administração municipal. Em última instância, política vem de polis, do grego, que significa cidade. Política é o que é relativo à cidade. Nesse sentido, o prefeito tem de observar a política, mas, acima de tudo, e devido às características de nossa metrópole, deve ter uma alta capacidade de gerir recursos de forma eficiente, de planejar e de coordenar ações, delegar responsabilidades e obter comprometimento de sua equipe. Ou seja, estamos falando de qualidades administrativas por excelência. O prefeito tem de ser um grande administrador, não resta dúvida.
 
O tema da mobilidade urbana tem sido abordado, mas poucas ações concretas têm sido adotadas. O aperfeiçoamento do sistema de transporte coletivo e um projeto que vise a limitar a quantidade de carros em São Paulo poderiam ser uma solução. Você acha que os interesses econômicos inibem a adoção dessas medidas?
 
As prioridades de qualquer gestor público devem ser educação, saúde, segurança e transporte para a sua população. São Paulo carece de ações em todas essas áreas, no entanto, quando tratamos de questões que envolvem transportes, as melhores soluções são as mais simples, geralmente, as que requerem mais planejamento do que grandes investimentos para serem resolvidos com assertividade. E, principalmente em momentos de crise, onde os chamados “quick wins” são vitais para a geração de um ciclo positivo. 
 
 Interesse econômico algum, de qualquer grupo em particular, pode sobrepujar-se ao bem maior da busca do bem-estar para a coletividade.
 
No seu entender, como o Modelo de Excelência da Gestão® (MEG) e os Critérios de Excelência da FNQ poderiam ajudar na gestão de uma cidade como São Paulo?
 
O MEG é um modelo alinhado às práticas mundiais consagradas para a implementação de uma gestão eficiente, que visa à excelência. Devemos lembrar que a excelência é uma meta móvel, ou seja, aquilo que é excelente hoje, em um futuro próximo, já não mais o será. Por isso, a capacidade de sempre inovar deve ser uma obsessão. O MEG olha a gestão sob todos os prismas, cuidando das práticas que afetam todos os envolvidos e afetados por determinada organização ou instituição. Ele olha processos, o relacionamento com a sociedade como um todo e permite um diagnóstico rápido para que se ataquem os pontos fracos. Por isso, eu vejo que ele pode configurar-se em um grande instrumento de auxílio da gestão, seja privada ou pública.
 
 
Cite, por favor, três recomendações que você daria ao próximo prefeito de São Paulo.  
 
As minhas recomendações são alinhadas com as prioridades mencionadas acima.
 
Preocupar-se, acima de tudo, com os temas prioritários da metrópole, reforçando as ações em saúde, segurança, educação e transporte.
 
Pensar como administrador e lançar mão de técnicas modernas de gestão, alocando recursos (pessoas, infraestrutura, tecnologia) visando desobstruir processos e gerar eficiência. Muitas vezes, os recursos estão mal distribuídos e deixamos de ser eficientes por não fazermos um simples estudo de identificação de gargalos.
 
Usar a vitalidade da São Paulo da qual nos orgulhamos, com alta capacidade de mobilização e criatividade, e abraçar a inovação como um instrumento para combater a crise. Eu me pergunto constantemente: usamos, por exemplo, a tecnologia para mapear onde temos mais assaltos, mais tempo de espera por ônibus, mais filas em serviços públicos essenciais?
 
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