Embraer: uma história de sucesso na gestão do conhecimento

Executivos falam sobre práticas desenvolvidas para a valorização das pessoas e das informações

A propriedade intelectual e a gestão de pessoas são assuntos recorrentes para aqueles que prezam pela excelência para obtenção de resultados de uma organização.

Devido à importância dos processos para assegurar a excelência da gestão da informação e do conhecimento dentro das organizações, são envolvidas diferentes áreas dentro de uma empresa para esse gerenciamento. Exemplo nacional e internacional, a Embraer destaca-se pelas boas práticas nessa questão.

Conversamos com o CIO/Chief Information Officer, Alexandre Baulé, a Supervisora de Gestão do Conhecimento, Tânia Moreira Pinto, e o SCO/Chief Security Officer, Daniel Tupinamba Gonçalves, da companhia. Confira:

> Como a Embraer fez para implantar sua gestão de conhecimento? E como garante a segurança das informações?

Daniel - A Embraer tem uma política global de segurança da informação que tem como objetivo principal o conceito baseado na necessidade do acesso: é o chamado “need to know”.

Cada pessoa que acessa as informações da Embraer tem uma premissa de ter uma necessidade útil para isso, uma liberação para esse acesso e um controle desse acesso, que depende da natureza da informação. Para isso, desenvolvemos um procedimento corporativo de classificação que atua em três níveis básicos: a reservada, a confidencial e a secreta.

Adotamos esses níveis de classificação tanto para os itens de contratos da defesa quanto das demais unidades de negócio e aplicamos também para os temas de propriedade intelectual, de segredo, de desenvolvimento de produto e tudo o mais corporativo que possa ser aplicável.

Quem aplica esse conceito de classificação é o proprietário da informação, tendo a área de segurança e de tecnologia da informação como apoio para viabilizar isso. Não é algo subjetivo e teórico, tem uma responsabilidade nominal dos gestores nesse sentido.

Tânia - Nós temos, ainda, outros processos que utilizamos para resguardar o nosso conhecimento. Um deles é você segregar as comunidades por assunto. Cada uma delas tem um coordenador e para que o colaborador tenha acesso a informações específicas, ele precisa passar por um treinamento.

Durante a capacitação, fazemos com que a pessoa reveja todo o processo de segurança da empresa. Falamos muito sobre “liability”, como as pessoas devem se expressar, especialmente na escrita.  

> De que forma a Embraer atua para incorporar as lições aprendidas dentro da companhia?

Tânia - Hoje temos vários processos implementados. Mas, toda vez que começamos um novo programa, o conhecimento e os processos dos trabalhos desenvolvidos anteriormente passam para o atual. Então, é por meio de processos que a gente pega todo esse conhecimento da empresa e insere no dia a dia do desenvolvimento de produtos.

> Dentro da gestão da informação e do conhecimento, como a Embraer faz para conciliar os objetivos da empresa e dos colaboradores?

Daniel - A empresa não existe sem pessoas. Justamente como a Tânia falou, o aspecto do conhecimento é fundamental. As comunidades e práticas são feitas por pessoas e voltadas a elas. As ferramentas são importantes, mas quem atualiza conhecimento, quem gera conhecimento são os colaboradores.

As pessoas saem, se aposentam, por isso, a construção do legado para seus sucessores é uma grande preocupação da companhia. E é por isso que as ferramentas formalizam isso.

Temos, aqui, um programa de excelência que contempla cinco stakeholders fundamentais para isso, são eles:

-  os nossos clientes - por exemplo, todo o nosso processo de gestão do conhecimento também captura as necessidades do nosso mercado, sejam os clientes empresa, sejam os passageiros, pilotos etc;
- os nossos acionistas - que também participam do processo, principalmente a área de finanças, de relacionamento com os investidores;
- a sociedade e o meio ambiente - onde concentramos toda a estrutura normativa da Embraer;
- os nossos parceiros - nossos fornecedores não só ligados aos nossos sistemas de gestão de conhecimento como, principalmente, às nossas cadeias estendidas de suprimentos;
- e as pessoas - nossos colaboradores que, sem dúvida, são os que geram o conhecimento para fazermos inovações. Sem eles, os dados agregados em informação e conhecimento não servirão para nada.

> Qual a importância disso na retenção de talentos?

Tânia - O que a gente busca nessa ação de gestão do conhecimento? Primeiro, aqueles que são especialistas, reconhecidos dentro da empresa. Aqueles que se destacam como uma referência tecnológica, que reúnem o conhecimento mais relevante sobre os processos. Eles discutem entre si, o que acredito que ajuda bastante nessa parte de retenção de conhecimento.

Alexandre - Complementando, uma forma de reter os talentos é justamente explorar o conceito de carreira Y, que é caracterizada por uma progressão de salários e benefícios comparada à carreira de gestão, mas voltada ao especialista técnico, detentor de conhecimento relevante para a organização.

Temos um procedimento especial para identificar, avaliar, reconhecer e promover pessoas em vários níveis da carreira Y, onde no lugar de fazer as típicas exigências de liderança, temos outros critérios de avaliação voltados ao conhecimento e essa carreira pode progredir, por exemplo, até um alto grau de conhecimento e remuneração, como os dos executivos vice-presidentes.

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